Os Novos Alfas

69. Livres e entrelaçados

Lunar se via em um estranho ambiente. Era um tipo de recinto cavernoso, iluminado por tochas, e com mesas cobertas por papeladas e livros em linguagens estranhas, além de alguns mapas visivelmente velhos. O lugar tinha passagens para outros cômodos, mas a princesa nem sequer prestou atenção nisso, já que o que chamava sua atenção era a figura que a encarava de frente.

-Lunar: Não... Você não! — A loba exclama, recuando ao se deparar com sua sósia maligna, que estava sentada em um tipo de cadeira chique, quase como um trono.

-Outra Lunar: Ah, que surpresa te encontrar por aqui! Eu realmente suspeitei que talvez você estivesse viva. Me pergunto como te salvaram... — A maléfica fala de forma descontraída. Lunar apenas fitava sua cópia chocada, estava aflita com a ideia de estar encontrando-a novamente. A Outra Lunar então prossegue sua fala — Ahhhhh, você não perde por esperar... Você e seus amiguinhos são uma pedra miserável no meu caminho. Mas chutar vocês pra fora dele vai ser fácil, fácil em breve.

-Lunar: Argh... Você não vai mais me pegar com seus joguinhos de provocação!

-Outra Lunar: Joguinhos? Ahahaha! Isso não é jogo, é realidade. Afinal... — Sua voz fica levemente mais macabra, e seu sorriso psicótico permanece em seu rosto — ... Eu já consegui te matar, não? — A afirmação da desbotada faz a original espontaneamente recuar.

-Lunar: Não... Você não me matou! Porque eu estou bem aqui!

-Outra Lunar: Tudo que você teve foi sorte... Mas eu te matei sim. Você apenas foi trazida de volta por conta da sorte do destino. — Mais uma vez, a resposta afiada e certeira da sósia maligna faz Lunar hesitar em responder. Ela sabia que era verdade. Que foi morta por sua sósia. Não sabia o que dizer para argumentar — Viu? Até você sabe. Depois disso, ainda acha que vai ser muito difícil te matar mais uma vez? — A Outra Lunar pergunta de forma fria, mas com um tom intimidador e provocador. Sua voz arrastada expunha sua confiança no que dizia.

-Lunar: V-Você nunca vai conseguir me matar! VOCÊ É UM MONSTRO! É isso que você é!

-Outra Lunar: Isso? Um monstro? — A desbotada pergunta com um certo tom de desprezo, apontando para si mesma — Sabe o que é esse ''isso'' que você está me chamando? — Ela pergunta, saltando de sua cadeira e se aproximando de Lunar — Uma versão melhor de você. E tudo que Éleda precisou fazer foi me mostrar a verdade que VOCÊ não viu. Sua sonsa, não passa de uma versão patética e ingênua de mim, que acredita em ideais irrealistas. — A maléfica fala de forma áspera, avançando de forma intimidadora contra sua versão original — ... Veja isso. — Ela pede agora em tom neutro, e o lugar que elas estavam magicamente muda para outro ambiente. 

Agora, elas estavam em um cenário de guerra. As duas podiam ver as Feras destruindo e atacando tudo em volta, enquanto vários lutavam desesperadamente para impedir, e fracassavam. As chamas estavam por toda parte, e a destruição também. Muitos estavam feridos e tentando se ajudar. Um cenário de puro desespero e terror.

Mas era como se as duas sósias fossem intocáveis no cenário, assistindo tudo como se o resto não as visse.

-Outra Lunar: Está vendo? Esse é o meu mundo. O mundo que eu aceitei ter como meu, e que não tem como mudar. O mundo é uma constante guerra, onde pessoas machucam pessoas, e uns passam por cima de outros. Um lado vence e fica por cima, o outro se curva. Um mundo onde pessoas lutam, ferem e mentem também.

-Lunar: O seu mundo é assim por sua culpa...

-Outra Lunar: HAH! Tolinha. — A desbotada ri com escárnio, em seguida voltando ao seu tom sério — Não existe bondade plena, então não adianta de nada ser a Lunarzinha boazinha que você tanto tenta ser. Eu descobri que até mesmo eu fui iludida de várias formas, e descobri que não posso mudar esse mundo horroroso, e muito menos deixá-lo melhor. Percebi que a única coisa que vale a pena é dar a volta por cima, e superar aqueles que tentaram um dia me colocar embaixo. Essa é a MINHA salvação.