93. Xamã em exílio

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-Amália: COURTNEY! — A voz bradada e intimidadora de Amália ecoa naquela sala, deixando todos estáticos, assim que a Xamã flagra Daniel e sua filha, ambos prestes a soltar Sayuri e os gêmeos da cela onde estavam — ... O que significa isso?! — A Xamã mais velha questiona, lançando um olhar de cima para sua filha, como se Courtney fosse um ser menor para ela.

A líder de Elite havia paralisado, completamente imóvel. Seus olhos não se moviam, permanecendo arregalados e com as pupilas se contraindo em temor. Não havia saída. Estavam ali, flagrados pela víbora, que julgava a todos ali com o olhar, prestes a dar seu bote terrorífico.

A própria Courtney não notou, mas sua respiração havia se acelerado. Em seu momento de paralisia, ela apenas permanecia com seu olhar estático e fixado no olhar julgador de sua mãe. Sua boca tremia de forma sutil, quase imperceptível. 

Aquele olhar. Aquele olhar maldito.

''Eu odeio... Odeio quando ela me olha assim.'' — Courtney sente ecoar em sua mente por um instante, como um sentimento que seu subconsciente escondia.

-Amália: Courtney Solares, está me ouvindo, ou não? — A voz de Amália não era nem um pouco gritada. Entretanto, havia algo em seu tom que a deixava amedrontadora. Mais amedrontadora do que qualquer pessoa furiosa gritando. Uma voz grave e sibilada, pronunciada rispidamente e ao mesmo tempo fortemente. Quando a mais velha fitava Courtney com aquele olhar, e com aquela voz, ela podia sentir como se sua alma estivesse sendo julgada por todos os seus pecados — Responda agora o que significa isso! 

Mas a líder de Elite não respondia. Não reagia. Pois as memórias de tempos distantes agora passavam como um filme acelerado em sua mente.

APROXIMADAMENTE 18 ANOS ATRÁS

"Eu me lembro. Me lembro bem de como sempre aprendi." — Courtney pensa, recordando-se do passado.

Uma pequena Courtney de 5 anos de idade estava sentada do lado de fora do castelo, acomodada sobre o gramado, enquanto agarrava as barras dos portões de grade que eram a saída dali. A hienazinha estava com seu olhar travado em uma interação que ocorria além daqueles portões.

Ela observava outras crianças de fora do palácio brincando perto dali em um pequeno grupo, correndo atrás umas das outras, dando gritos finos e animados, e até mesmo de vez enquanto derrubando uns aos outros no chão e rolando, como se fosse um misto de brincadeira de perseguição e de lutinha.

Vendo a diversão dos outros jovens, Courtney se empolga e corre para fora do palácio, simplesmente passando pelos portões e indo até elas, logo tentando se envolver no meio:

-Courtney: Ei! O que vocês estão fazendo? — A pequena Xamã pergunta com curiosidade, sorrindo sem timidez alguma. Um pequeno tigre, que estava entre as crianças, logo a responde:

-Tigre: Estamos brincando de pega-bandido!

-Courtney: Como é isso? — Ela inclina a cabeça curiosa, e então uma coelhinha a responde:

-Coelha: Um de nós faz o papel de soldado, e os outros são bandidos! Daí, se o soldado conseguir pegar um bandido e prender ele no chão, esse bandido vira um soldado também, e os dois tentam pegar os outros bandidos! Daí segue assim, até acabar os bandidos!

-Courtney: Posso brincar? — Courtney pergunta, direta e reta — Eu posso ser a soldada! Aposto que eu consigo pegar todos... — Afirma com um sorriso pretensioso, erguendo a cabeça segura de si enquanto sorria com os dentes.

-Tigre: Ah, é? Quero ver! — O tigre sorri provocador, e em seguida sai correndo, assim como as outras crianças — Você não me pega! 

Risonha, Courtney começa a correr atrás das outras crianças como uma caçadora nata, sendo bem mais ágil que a média. Ela hora ou outra conseguia alcançar alguém, dando um bote preciso no alvo e prendendo-o no chão com as patinhas, de forma que juntasse cada vez mais soldados. A hienazinha se divertia com os outros pequenos, rindo divertida de forma aguda como sempre fazia enquanto corria.

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