Em Deus a Justiça? - III

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— Oi, dona Gema. Bom dia. O seu Onofre está?

— Está. Espere que vou chamá-lo.

Ele apareceu logo e ainda estava de pijamas. Convidou-a para entrar. Lia entrou, mas não passou da porta da sala:

— Seu Onofre, nem te conto o que aconteceu!

— Se você não me contar, não vou ficar sabendo — brincou. — O que foi? Alguma coisa com a Nancy? Ela está bem?

— Está, está bem sim.

— Aliás, não ouvimos nenhum grito na noite que passou. Pelo menos eu não ouvi. Você ouviu, Gema?

— Não.

Lia confirmou:

— Realmente, não houve gritos. Acontece que Nancy foi dormir ontem decidida a descobrir uma pista. Se sonhasse novamente com a casa, iria querer prestar atenção em todos os detalhes.

— O problema é o subconsciente estar de acordo — disse Onofre. — E ela conseguiu?

— Sim! Já arrumamos as malas e estamos indo agora mesmo para Pindamonhangaba.

— Pindamonhangaba? — exclamou atônito. — Mas por quê?

— No caminho eu explico.

— No caminho? Como assim?

— O senhor não vem com a gente?

— Ir como vocês? Não lhes parece algo meio fora de propósito? Expliquem ao menos o que está acontecendo.

— Não tenho tempo e Nancy quer resolver logo a questão. O senhor sabe como ela é, quando coloca uma coisa na cabeça. Seu Onofre, por favor, venha conosco. Vamos precisar do senhor.

Ele a via como uma filha, uma filha que nunca tivera. Não tinha coragem de dizer não. Iria, sem precisar o porquê ou o propósito. Era como se sua própria filha estivesse pedindo.

— Então esperem eu me trocar. Gema, poderia colocar duas ou três mudas de roupa numa mala?

Gema não questionou a decisão do marido. Em geral, costumavam ser acertadas.

 Em geral, costumavam ser acertadas

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— Nancy, não corra, por favor.

Onofre tinha calafrios com alta velocidade, principalmente se o ponteiro do velocímetro passasse dos 120 km/h. Ia no banco de trás, vigiando o painel do carro. Até o momento, Nancy não passara de cem, mas ele já se encontrava preocupado. A moça, no entanto, dirigia muito bem, embora de forma um tanto atrevida, algumas vezes acelerando rapidamente, noutras cortando os outros carros com agilidade.

— Relaxe, seu Onofre. Dirijo mal?

— Não, pelo contrário. Você é excelente motorista. Só que muito rápida para a minha idade.

— Ora, seu Onofre, o senhor nem é tão velho assim.

— Sou sim, minha filha. Vocês é que não perceberam.

QUATRO VEZES O INESPERADOOnde histórias criam vida. Descubra agora