Quarta-feira

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Harry apareceu na segunda à noite, todo alvoroçado. A Filadélfia tinha sido ótima. O jogo tinha sido ótimo. Os Malfoy foram ótimos. Mas principalmente Draco. Draco era ótimo. Ele estava cem por cento, totalmente apaixonado por ele. Depois do quê? Duas semanas? Era loucura.

Fiquei emocionada por ele. Depois que ele se acalmou, perguntei sobre a discussão que ele teve com Pansy. Harry colocou uma mecha de cabelo no lugar.

— Na verdade, não foi nada.

— Harry. Meu subconsciente ouviu vocês. Não é verdade que não foi nada.

Ele mordeu o lábio.

— Eu só estava chocado que Pansy já estivesse lá. Sou seu melhor amigo. Devia ter chegado lá primeiro. É idiotice. Como eu disse, nada.

Tentei pensar naquele momento. Era difícil. As lembranças eram indistintas.

— Quando você chegou ao hospital?

— Quando levaram você para o quarto. Logo depois do seu exame de tomografia.

Isso fazia sentido.

— Quando Pansy chegou ao hospital?

Ele suspirou e arriou no sofá.

— Ela estava na sala de traumatismo com você. As enfermeiras tiveram que expulsá-la. — Ele ergueu uma sobrancelha. — Por que não pergunta a ela?

Eu o ignorei.

— Por que você a chamou de “porra de animal”?

— Porque achei que era um. Você é, tipo, a escrava sexual da moça ou coisa assim. Ela tem só uma necessidade atendida por você, mas vai correndo ao hospital quando você está machucada, como se o mundo estivesse caindo. Isso me deixou irritado.

— Mas agora você gosta dela?

— Eu não usaria a palavra gostar , mas sim, eu a aturo. — Ele foi até a porta. A conversa estava encerrada. — Vai ao Super Bowl com ela?

— Sim. Pansy falou alguma coisa sobre isso.

Na tarde de quarta-feira, por volta de uma e meia da tarde, eu estava trabalhando na seção de devolução. Estava de costas para a porta da frente, catalogando novos lançamentos.

— Preciso ver uma coisa da Coleção de Livros Raros.

Deus me livre de um idiota que não conhece o regulamento da biblioteca.

— Lamento — falei, sem nem mesmo me dar ao trabalho de olhar. — A Coleção de Livros Raros é aberta apenas com hora marcada e no momento temos pouco pessoal. Eu não tenho disponibilidade esta tarde.

— Isto é decepcionante, Hermione.

Sabe quando o que você espera acontecer acaba influenciando o que você vê e ouve? Bom, nunca me ocorreu que Pansy podia entrar em minha seção da Biblioteca Pública de Nova York a uma e meia de uma tarde de uma quarta-feira qualquer. E por isso não percebi que era ela antes de dizer meu nome.

Girei o corpo. Ela estava de pé na minha frente, embrulhada em um sobretudo, com apenas uma sugestão da camisa social aparecendo pela gola do casaco. Um sorriso presunçoso estava firme em seu rosto.

Pansy Parkinson estava na minha biblioteca. Numa quarta-feira. Tombei a cabeça de lado. Para ver a Coleção de Livros Raros?

— É uma hora realmente muito ruim? — perguntou ela.

— Não — grasnei. — Mas tenho certeza de que você tem exatamente os mesmos livros na sua casa.

— Provavelmente.

A Submissa - Pansmione | Parte 1/3Onde histórias criam vida. Descubra agora