Reconciliação

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Passei os dois dias seguintes pensando no que Pansy me disse. Repassei incontáveis vezes nossa conversa, tentando me decidir como me sentia quanto ao que ela confessara.

Que ela me observara por anos. Que havia se recusado a se aproximar de mim. Que ela me escondera isso.

Mas então pensei em mim mesma. Que eu fantasiara com ela por anos. Que a acompanhava pelos jornais locais. Foi pior do que se eu tivesse me colocado nos lugares onde sabia que ela estaria? Ou eu teria feito a mesma coisa, se a situação fosse o contrário?

Que inferno e sim. E, se pensasse bem nisso, fui eu que dei o primeiro passo, porque entrei em contato com o Sr. Godwin.

Liguei para Pansy na noite de quinta-feira.

— Alô — disse ela

— Pansy. Sou eu.

— Mi. — Sua voz tinha um tom de empolgação contida.

— Tem um sushi bar na rua da biblioteca. Pode se encontrar comigo lá para almoçar amanhã?

Fiz questão de chegar primeiro. Encontrei um lugar um pouco antes do meio-dia e esperei por ela. Meu coração parou quando Pansy entrou no restaurante. Seus olhos percorreram as mesas e ela sorriu ao me ver. E então, em toda sua glória feminia de 1,75m, ela veio direto à minha mesa, ignorando inteiramente os olhares femininos e masculinos que a acompanhavam.

Esta mulher, pensei. Esta mulher me queria. Me observava. Esta mulher. Seus olhos faiscavam e, naquele momento, entendi que eu a havia
perdoado.

— Mi. — Ela se sentou e me perguntei se Pansy dizia meu nome com frequência porque gostava de me chamar de Mi.

— Pansy. — Deliciei-me ao sentir seu nome saindo com tanta facilidade de meus lábios.

Pedimos o almoço e batemos papo. O clima ficava mais quente. Contei-lhe que tinha uma leitura de poesia programada na biblioteca. Ela perguntou sobre Harry.

— Antes de falarmos de qualquer outro assunto — disse ela, ficando séria —, preciso lhe dizer uma coisa.

Perguntei-me o que mais ela poderia dizer que já não havia sido dito.

— Tudo bem.

— Preciso que saiba que estou fazendo terapia para trabalhar os problemas de intimidade e de saúde emocional. Não de minhas necessidades sexuais.

Eu tinha uma boa ideia de onde ela queria chegar.

— Sou uma dominatrix — prosseguiu. — E sempre serei uma dominatrix. Não posso e não abrirei mão desta parte de mim. Isto não quer dizer que não goste de outros... sabores. Ao contrário, os outros sabores dão uma boa variedade. — Ela ergueu uma sobrancelha. — Isso faz sentido?

— Sim — repliquei e me apressei em acrescentar: — Eu jamais esperaria que você abrisse mão dessa parte de si mesma. Seria como negar quem você é.

— É verdade.

— Assim como não posso negar minha natureza submissa.

— Exatamente.

O garçom trouxe nossas bebidas e tomei um longo gole do meu chá.

— Sempre me perguntei — disse Pansy —, e você não precisa me contar, mas como você descobriu sobre mim?

Ai, cara. Minha vez.

— Ah, por favor. — Gesticulei meu desdém. — Todo mundo conhece Pansy Parkinson.

— Talvez — replicou, rapidamente. — Mas nem todos sabem que ela algema mulheres em sua cama e as açoita com um chicote de equitação.

Engasguei com meu chá. Seus olhos dançavam.

A Submissa - Pansmione | Parte 1/3Onde histórias criam vida. Descubra agora