Jantar em família

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– Mi — disse Narcissa do outro lado da mesa, totalmente inocente de que a sobrinha fazia amor com minha rótula. — Eu pretendia te convidar para almoçar. Nesta semana não posso. Quarta-feira que vem é bom para você?

A mão em meu joelho continuou afagando.

— Quarta-feira não é um bom dia para mim —respondi. — Temos uma patrona que vai toda quarta ver a Coleção de Livros Raros... E não deixamos os pesquisadores desacompanhados, então terei de estar com ela.

Pansy riu baixinho.

— Isso deve ser meio cansativo — comentou Narcissa. — Mas acho que o trabalho com o público é assim mesmo.

— Eu não me importo. É estimulante conhecer alguém tão dedicada.

A mão desceu para a face interna de meu joelho.

— Que tal na quinta-feira? — perguntou ela. — Ela não vai às quintas, não é?

Ainda não.

— Na quinta será ótimo.

— Então está marcado — disse Narcissa, sorrindo para mim.

A conversa fluía livremente. A certa altura, Pansy e Blaise começaram a debater política. Rony olhou para mim e revirou os olhos. Uma conversa
perfeitamente normal de jantar. Nada fora do comum. Isto é, acima da mesa.

Eu tinha de admitir: Pansy era sorrateira. Brincava com meu joelho por alguns minutos, depois passava o pão a Harry ou cortava sua salada, algo que exigia as duas mãos. Mais tarde, de repente, ela estaria de volta. Acariciando, apertando, subindo aos poucos. Retraindo-se.

Eu estava com os nervos em frangalhos. Tomei uma colher de bisque. Pansy tinha razão. Estava fantástico. Cremoso. Suculento. Exatamente a quantidade certa de lagosta.

Cruzei as pernas, por hábito. Quando a mão de Pansy  voltou, ela tirou minha perna esquerda de cima da direita e continuou acariciando. Desta vez subindo um pouco mais.

Lagostas, falei a mim mesma. Pense em lagostas. Lagostas. Lagostas são criaturas marinhas. Tinham pinças imensas e precisavam ter as garras presas com elástico. Adquiriam a cor vermelha quando eram fervidas.

A ideia de deixar seu traseiro vermelho excita você? Engasguei com uma colherada de bisque. Felizmente, desta vez as mãos Pansy estavam à plena vista, acima da mesa. Ela me deu um tapinha nas costas.

— Está bem?

— Sim. Desculpe.

O garçom veio retirar nossos pratos. Todos à mesa batiam papo e riam, imersos na conversa. Pansy me serviu mais vinho e começou a acariciar minha coxa por baixo do vestido.

— O que você lê além de poesia?

Ela queria conversar sobre meus hábitos de leitura?

— Qualquer coisa — respondi, curiosa para saber até onde isso iria. — Os clássicos são meus favoritos.

— “Um clássico” — disse ela —, “é um livro que as pessoas elogiam e não leem.” Mark Twain.

Entendi então que eu estava com um verdadeiro problema. Uma coisa era me provocar com carícias. Outra, bem diferente, era me envolver em disputas verbais. Especialmente no que se referia à literatura. Meu corpo, ela já dominava. Minha mente era a próxima em sua programação? Mas pensei na biblioteca e sabia que também podia ceder nisto.

— “Não consigo pensar bem de um homem que se diverte com os sentimentos de uma mulher.” — falei. — Jane Austen.

Ela sorriu.

A Submissa - Pansmione | Parte 1/3Onde histórias criam vida. Descubra agora