Uma rosa branca

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Sentei-me à mesa da frente, girando a rosa.

- Alguém está apaixonada - cantarolou Romilda, sentada à mesa e apoiando o queixo nas mãos.

- Quem, eu? - Girei a rosa novamente.

- Evidentemente. Mas também aquela mulher maravilhosa que deixou essa rosa para você. - Ela piscou teatralmente várias vezes.

- Pansy Parkinson? - perguntei, deleitando-me com o som de seu nome em meus lábios. - Ela é só alguém com quem tenho saído. - Tudo bem, isto é mentira. Estive fazendo muito mais do que sair com Pansy.

A rosa não passava de um agradecimento por eu não tê-la decepcionado. Romilda se levantou.

- Uma rosa creme com um leve rosado é coisa séria.

- É mesmo? - Parei de girar a rosa. - Por quê?

- John Boyle O'Reilly? - perguntou ela. - O poeta irlandês?

Balancei a cabeça. Nunca ouvi falar dele. Romilda uniu as mãos.

- É tão romântico. É de um poema dele, "Uma rosa branca..."

- Ela não é branca.

Romilda me lançou um olhar maligno.

- Sei disso. Só estou falando do título.

- Desculpe. - Gesticulei, interessada em descobrir aonde ela ia chegar. - Continue.

Ela pigarreou:

"A rosa vermelha sussurra paixão,
A rosa branca exala amor;
Oh, a rosa vermelha é um falcão,
A rosa branca a pomba em flor.
Mas lhe trago este alvo botão
De pétalas a ruborizar;
Pois até no amor mais puro e doce
Há o desejo de seus lábios beijar"

Baixei a rosa. Isso não quer dizer nada. Não quer dizer ABSOLUTAMENTE NADA. Ela gostou da rosa, é só isso. É só uma coincidência.

Mas desde quando Pansy fazia alguma coisa que fosse simples coincidência? Nunca.

- Mi?

O desejo de seus lábios beijar.

Nada, não quer dizer nada. Sussurrou a Mi Racional. Ou talvez fosse a Mi Louca. Quem saberia a essa altura?

Claro. Continue dizendo isso a si mesma. Diga a si mesma que é só uma coisa que ela faz todo fim de semana. Tanto faz. A verdade não importa mais, importa? Significa mais para você, disse a Mi Louca. Ou talvez tenha sido a Mi Racional.

- Mi?

- Desculpe, Romilda - Peguei a rosa e a coloquei na mesa. Olhei para ela. - É um lindo poema. Muito romântico.

O desejo de seus lábios beijar. Olhei para Romilda.

- Acho que vou ver a seção de poesia. Procurar mais alguma coisa de O'Reilly.

Eu tivera aquela fantasia louca de ser a submissa de Pansy Parkinson. De me submeter a seu controle, estar sob sua vontade. Eu já havia lidado com o fato de que me apaixonara por ela, mas e quanto ao que a própria Pansy sentia por mim? Seria possível que Pansy também estivesse se apaixonado?

***

Pensei que a noite de sexta-feira nunca chegaria. Os minutos se arrastaram e as horas rastejavam para sempre. Ioga. Trabalho. Caminhar em vez de correr.

Mas a sexta chegou. Cheguei à casa de Pansy às dez para as seis e ouvi Athena latindo dentro da casa quando saí do carro. Pansy abriu a porta da frente. Droga, ela ficava ótima com camisa de manga comprida e a calça preta. Minhas pernas ficaram bambas só de vê-la. Seus olhos me acompanharam ao subir a escada.

A Submissa - Pansmione | Parte 1/3Onde histórias criam vida. Descubra agora