A Alma da Família[TRADUÇÃO]

Capítulo 31:parte 3

A bússola de Hermione ainda estava funcionando, apesar das tentativas de Harry. Mas, pela primeira vez, o destino decidiu ser indulgente com o jovem.

Harry caminhou pelas ruas de Londres, esperando que o ar frio da noite o ajudasse a organizar seus pensamentos. Ele sentiu Jörmungand se mexer em seu sono e isso o fez sorrir suavemente. Seu irmão decidiu juntar-se a ele alguns dias depois de sua chegada. Aparentemente, um oráculo do Submundo previu que algo aconteceria com ele. Sleipnir ainda estava se recuperando, então foi Jörmungand quem se juntou a seu irmão.

O jovem gentilmente colocou a mão no corpo do mais velho, certificando-se de que ele não escorregasse, quando um arrepio violento o percorreu. Olhando para cima, ele congelou enquanto contemplava o espetáculo diante dele. As ruas de Londres deram lugar a uma grande floresta de pinheiros, todos mais altos que os outros. A névoa se movia preguiçosamente entre os troncos das árvores enquanto o vento soprava pelos galhos superiores.

Jörmungand, sentindo a mudança na atmosfera, enfiou a cabeça para fora do suéter do irmão.

- Onde estamos ? perguntou a cobra.

"Não faço ideia," Harry respondeu.

Ele olhou para trás, mas não viu vestígios do portal pelo qual haviam passado. O que sugeria duas hipóteses possíveis: ou o portal era invisível ou havia fechado. Harry então se virou e caminhou de volta para onde estava. Ele então teve que encarar os fatos: a segunda hipótese era a correta.

"Estamos presos aqui até encontrarmos outro portal," Harry suspirou.

- Não vamos ficar aqui, aconselhou Jor. Se alguém abriu este portal de propósito, talvez fosse para enganá-lo.

Harry assentiu suavemente. Ele sabia que poderia chamar a Morte a qualquer momento para chegar ao reino de Helheim, mas algo o mantinha ali. Talvez fosse curiosidade...

- Onde você acha? perguntou Harry.

"Ali", disse Jörmungand, apontando para a direita.

Harry então avançou na direção escolhida por seu irmão. Notou, porém, que este último mantinha o olhar fixo no caminho, como se algo lhe chamasse a atenção. Preocupado em não fazê-lo perder a concentração, Harry não disse nada, mas a atitude do irmão o intrigou.

Após uma curta hora de caminhada silenciosa, apenas interrompida por novas direções de Jörmungand, eles emergiram em uma enorme clareira. Harry se aproximou da borda dela, sem avançar a céu aberto, intrigado com as grandes marcas na terra.

- Quem você acha que fez isso? o jovem perguntou em um sussurro, vendo as trincheiras profundas à sua frente.

- Alguém grande, forte e acima de tudo furioso, respondeu Jor.

Harry olhou ao redor, imaginando se seria melhor dar uma volta pela clareira. Um rosnado baixo na frente dele chamou sua atenção. Ele não sabia dizer de que animal vinha, mas podia ouvir a dor perfeitamente. Harry então decidiu dar um passo à frente na clareira, sentindo os anéis de Jor apertarem em apreensão ao redor de seu peito.

Os dois filhos de Loki avançaram até chegarem a um buraco maior que os outros, no centro do qual estava um lobo do tamanho de um grande cavalo, pelo menos. Ele estava coberto de sujeira e sangue e Harry podia até ver a ponta de uma espada saindo de sua mandíbula. Ele engasgou então: Fenrir! Ele havia encontrado! Mas como ? Harry então olhou ao redor novamente. Ele não era estúpido: ou acabara de ter um grande golpe de sorte, ou o destino decidira ser indulgente com ele. Mas não duraria, ele sabia.

O jovem avançou um pouco mais, descendo cuidadosamente para dentro do buraco. Ele notou naquele momento o fio fino que prendia seu irmão. Ele tinha que encontrar uma maneira de tirá-lo de lá. Avançando cautelosamente mantendo um olho em Fenrir, ele conseguiu se juntar a ele sem que o poderoso lobo fizesse o menor gesto provando que havia percebido a presença do intruso. Então Harry tocou o fio e soube que a misericórdia que o destino lhe concedera havia acabado.