Capítulo um - Uma proposta

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Lillian Baxter

Minha vida sempre foi um completo caos em dias calmos, e nos agitados uma catástrofe.

— Sinto muito, Lily, mas não podemos manter a livraria e nem você trabalhando aqui! Os clientes estão escassos, e eu velha demais para continuar com o negócio. — lamentou Violet, minha chefe durante os últimos dois anos. Esse emprego era a única coisa que mantinha a mim e um teto sobre minha cabeça, sem o dinheiro não teria como pagar o aluguel do apartamento, e não pediria mais a minha mãe que já batalhava muito para me manter na faculdade. Quando cheguei a Nova York com a bagagem cheia de sonhos foi Violet que me manteve sonhando, ela tem 68 anos e me deu uma oportunidade para trabalhar na sua pequena livraria que com o passar dos anos vem perdendo movimento, agora que se aposentou Violet pretende vender o lugar e morar no campo junto do marido. Não havia nada que eu pudesse fazer a não ser lamentar e procurar outro emprego, mas até lá não fazia ideia de como iria pagar o aluguel.

Minha casa ficava no final da rua, fui a passos lentos, pensando em todas minhas opções que eram escassas, poderia pedir dinheiro para minha mãe, mas não queria sobrecarregá-la, eu daria um jeito. O prédio onde morava era pequeno assim como meu apartamento de apenas uma peça dividida entre cozinha e quarto, sem falar no minúsculo banheiro que para tomar banho precisávamos ficar encolhidos para não cair dentro do vaso.

Quando abri a porta vi os olhos amarelos luminosos e o pelo acinzentado de Cupido, meu gato, deitado na poltrona perto da entrada que ele usava como cama quando não estava na minha. Cupido pulou no chão assim que me viu perto do armário onde guardava sua ração, miando e roçando seu corpo em minhas pernas, deixando minha calça coberta de pelos.

— Aqui está! — disse despejando um copo de ração em sua tigela vermelha, sentei ao seu lado e o observei comer, me permitindo relaxar por alguns segundos antes de surtar. 

Depois de ficar quase uma hora sentindo pena de mim mesma, tomei um banho e preparei o café mais forte que já bebi na vida. E sabia o que deveria fazer para acalmar meus pensamentos, selecionei as melhores músicas da minha playlist incluindo as melhores de Frank Sinatra entre outras estrelas do Jazz. Peguei o avental pendurado na parede acima do balcão. Amarrei o cabelo e decidi fazer cookies com gotas de chocolate, cozinhar sempre foi o remédio certo para meus nervos. Bati a massa que cheirava a baunilha e açúcar mascavo, adicionei o chocolate e botei assar.

Mesmo no meu pior dia, carboidrato sempre ajudava a me sentir melhor. Principalmente chocolate, meu lema era que tudo poderia melhorar se tivesse doce envolvido.

Na manhã seguinte prometi a mim mesma que não perderia tempo me sentindo péssima, eu precisava reagir, e sentir pena de mim mesma não seria recomendado para recomeçar. Nova York estava cheia de possibilidades, mas até eu encontrar uma que servisse para mim, precisava dar um jeito de pagar o aluguel até lá. 

Não importava o quanto fugisse, os problemas sempre conseguiam me encontrar, como se eu fosse um imã para eles. Um lado da minha vida sempre estava a ponto de desabar, se vou bem na faculdade, sou demitida, se consigo um emprego, meu namorado termina comigo. 

Passei na padaria perto de casa e tomei um café com panquecas regadas a mel. Já estava atrasada para a primeira aula, cheguei no meio de uma explicação, por sorte o professor não me viu entrar sorrateiramente. Analisei a sala e encontrei os cabelos castanhos escuros da minha melhor amiga sentada na última fileira, fui até ela que guardou um assento ao seu lado, essa aula costumava ser cheia, e eu quase sempre me atrasava por causa do metrô, então Emma guardava um lugar para mim.

— Atrasada de novo! — ela falou em um tom que parecia uma pergunta, mas sabia que era uma afirmação. — Você tinha que alugar um apê mais perto da faculdade. — mal sabia ela, que eu não tinha dinheiro para pagar nenhum tipo de apartamento, nem mesmo no qual morava. Mas deixaria esse assunto para depois da aula.

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