Capítulo vinte - Começos e finais

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Lillian Baxter

Quando perdi meu emprego na livraria, pensei que fosse o fim dos meus sonhos em Nova York. Nesses meses aprendi que alguns ciclos devem se encerrar para dar lugar a novos começos. 
A vida era feita de fases, mudanças, renovações, não se deveria lutar contra a curva na estrada, e sim, abraçar os novos caminhos. 
Foi um ano cheio de curvas e tropeços, mas com o tempo você aprende a resistir e levantar com mais entusiasmo, são nossas quedas que nos fazem mais fortes, mais resistentes e resilientes. Se você nunca ralou o joelho durante o caminho, quer dizer que a vida foi generosa com você, mas tenha em mente que nem sempre será assim, em algum momento, ela te fará andar sobre espinhos, isso não quer dizer que você falhou, quer dizer que está pronta para florescer, assim como as rosas.

No começo desse mês, decidi trancar a faculdade. Começando uma especialização em confeitaria, Mary indicou um ótimo curso profissionalizante. Ela continuaria com nosso treinamento, até que estivesse pronta para montar meu próprio espaço. 
Finalmente comecei a pensar no que realmente me fazia feliz, e desde então, não houveram mais momentos tristes em minha vida, pensar nos seus próprios sonhos, não te faz egoísta, te faz um ser humano, e todos temos nossas próprias ambições. E um dia eu teria minha própria confeitaria, e todos os dias olharia no espelho e me orgulharia do meu reflexo. Não era apenas um sonho, agora se transformou em um objetivo. Todos os dias estamos em constante mudança, e as mudanças nos levam a novas possibilidades, não deixe que elas escapem por entre seus dedos. 

Na manhã da véspera de Natal acordei com Willian dormindo ao meu lado agarrado a mim, como de costume, com sua barba raspando em meu ombro. Um sorriso cobriu meus lábios. 
Amá-lo foi a coisa mais maravilhosa e mais assustadora que aconteceu comigo. Só quem já sofreu com uma decepção amorosa entende esse sentimento de confusão, seu coração acabava se tornado escorregadio, vacilante e desconfiado. Porém, o amor dele foi capaz de restaurar minha fé no amor, foi capaz de costurar as rupturas do meu coração partido e inseguro. Willian Clarke foi capaz de me fazer acreditar no amor outra vez. E de certa forma tinha feito o mesmo por ele. 
Passamos por muita coisa, altos e baixos. Brigas e declarações de amor. 
E eu não me arrependo de nada, com exceção de que poderíamos ter evitado muitos transtornos se tivéssemos contado a verdade para Emma desde o começo, vou colocar a culpa no nosso medo, e na nossa falta de comunicação. 
Aprendi minha lição de que deveríamos ser sinceros com nossos próprios sentimentos, sem nos importar com a opinião dos outros. Porque nunca deveríamos ter vergonha de amar alguém. 

Naquela manhã terminamos os últimos retoques na árvore de Natal, decoramos ao redor da lareira e trocamos alguns piscas-piscas quebrados. 
Minha mãe tinha chegado de viagem ontem a noite, estava desde cedo ajudando com os preparativos. Ela já havia conhecido toda a família Clarke em outra ocasião, logo depois que eu e Willian firmamos nosso relacionamento. Emma aproveitou o mesmo jantar para apresentar Ryan para Willian, e eles se deram bem logo de cara. Foi um alívio para todos.
Mary e Duke chegaram logo no começo da tarde para nos ajudar na preparação e decoração dos biscoitos natalinos.
O natal sempre foi meu feriado preferido. Mesmo depois que meu pai foi embora, minha mãe nunca deixou que essa data fosse menos especial. 
Eu e ela nos reuníamos na cozinha e decoravamos biscoitos. Antes da ceia,  vestiamos o suéter mais feio que encontrássemos no fundo do guarda-roupa. Passávamos a manhã de Natal encolhidas no sofá assistindo algum filme natalino que passava na televisão, enquanto as nossas canecas transbordavam com chocolate quente.
Trouxemos essa mesma tradição para o Natal da família Clarke, cada um escolheu um suéter natalino. E nós nos juntamos para fazer biscoitos. Nunca pensei que faria parte de uma família tão grande. 
Ryan apareceu mais tarde trazendo rabanada, alegando ser uma tradição da família dele. Logan e seu pai também juntaram-se à nossa bagunça culinária. O Sr. King continuava o mesmo homem simpático e animado, mesmo com os percalços da vida, ele nunca tirou o sorriso do rosto, apesar de serem diferentes fisicamente, Logan possuía a alma muito semelhante a do pai. 

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