Capítulo dois - Tranque a porta do banheiro

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                                                                                   Willian Clarke

Talvez tenha sido um tanto grosseiro na última conversa com a amiga da minha filha, no entanto parecia certo mantê-la afastada de mim. Não poderia negar que Lillian Baxter era charmosa, meiga e extremamente linda. Ela analisava seu novo quarto, seus olhos dum azul como as águas do mar, ou do céu ao beirar a noite em um azul escuro. Seus lábios transparecem um sorriso tímido na direção de Emma. Os cabelos pareciam ouro, como quando o sol batia nas árvores. Trouxe as últimas caixas do carro e saí em direção ao escritório deixando as duas amigas sozinhas.

Era mentira o que tinha dito a Lillian, jamais negaria abrigo para uma pessoa que precisava de um. Nunca recusaria o pedido de Emma, mesmo ela me achando um pai ruim, que talvez eu realmente seja, ainda estou tentando ser melhor. Mas o trabalho consome a maior parte do meu tempo, ser CEO de uma das maiores agências publicitárias de Nova York era um trabalho corrido, as viagens e reuniões inacabáveis me tornavam um ótimo profissional, mas também um péssimo pai. Não há glória sem sacrifícios, um conselho sábio de meu pai, que ao contrário de mim foi ótimo no seu papel.

Nosso apartamento era um duplex localizado em uma das avenidas do bairro Chelsea, não muito longe da faculdade das meninas, treze minutos de carro, se o trânsito ajudar, com três quartos no andar de cima e no de baixo, a cozinha e a sala, com uma ótima vista das janelas. Ao chegar na cozinha para preparar o almoço encontrei o gato da Lillian que observava atentamente tudo ao redor, tentando assimilar a mudança repentina. Diferente de mim, o gato era manso, o peguei no colo e escutei seu ronronar, parecendo gostar do carinho. O soltei novamente no chão, lavando minhas mãos para começar os preparativos para o almoço, macarrão com queijo, minha especialidade, na verdade, a única coisa que sei cozinhar sem que tenha gosto de asfalto, sou um péssimo pai, e sou ainda pior na cozinha.

Coloquei água na panela para ferver o macarrão. Lillian surgiu logo em seguida perguntando se queria ajuda. Percebi seu desconforto, não queria ter lhe causado uma primeira impressão errada. Trinta e oito anos e eu continuo afugentando as mulheres toda vez que abro a boca, talvez minha esposa ter me abandonado tenha sido culpa minha. Não, não foi culpa minha, ela não quer ser mãe, ou não me amar.

— Sinto muito por meu comportamento mais cedo! — disse sem ter coragem de olhá-la. Ela cortava cenouras para a salada, mesmo quando neguei sua ajuda. Uma garota determinada, gostava disso.

— Não tem problema, Sr. Clarke! — respondeu ainda fazendo a mesma função. A olhei de canto de olho, seu cabelo preso em coque frouxo, alguns fios soltos dançavam por seu rosto, usava um macacão jeans por cima de uma blusa listrada, seu rosto era jovem, mesmo assim ela parecia madura demais para sua idade. Outra garota teria me botado no meu lugar, embora ache que tenha passado isso por sua cabeça, mas era educada demais para tal coisa.

— Mesmo assim, espero que aceite minhas desculpas!

Ela me lançou um olhar tímido, seus olhos parecendo o céu no verão.

— Claro que aceito, Sr. Clarke! — ela tinha que parar de me chamar assim, eu parecia ter sessenta anos, toda vez que me chamava de Senhor. Bom, tenho trinta e oito anos, não sou velho e sim, maduro.

— Você pode me chamar de Willian ou Clarke, como preferir. Mas por favor, sem senhor — implorei, a fazendo rir. Dois furinhos um de cada lado de suas bochechas se formavam toda vez que sorria. Alguma coisa me dizia que essa garota seria minha perdição.

— Gosto de Clarke! — respondeu lavando as mãos depois de terminar a tarefa. Então se virou em minha direção. — E você pode me chamar de Lily.

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