Capítulo dezesseis - Stand by me

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Lillian Baxter

Não poderia mais ficar embaixo do mesmo teto que Willian. Precisava de uma folga disso tudo, de todos esses sentimentos. Arrumei uma pequena mala, apenas com essencial, coloquei Cupido em sua gaiola para gatos, pedindo um carro de aplicativo. Avisei a Emma que ficaria fora por alguns dias, que explicaria melhor quando voltasse.

Uma semana, era o que eu precisava para colocar meus pensamentos no lugar, longe de tudo, longe do Willian, das nossas mentiras e segredos.

Não sabia exatamente para onde ir, mas havia uma pessoa, um garoto, o mesmo que me arrancou da escuridão quando mais nova, o mesmo que segurou minha mão quando pensei que ficaria sozinha.

Ao chegar em seu apartamento no Brooklyn, fui recebida de braços abertos pelo meu melhor amigo, Logan King.

— Não sabia para onde ir — murmurei assim que vi seu rosto. Logan abriu um sorriso acolhedor, puxando meu corpo para um abraço.

— Você sempre terá um lugar para voltar! Sempre estarei aqui, princesa — há quantos anos não ouvia aquele apelido? Ele costumava me chamar assim aos seis anos, quando ganhei uma roupa de princesa e recusava tirá-la até para dormir. Meu coração silenciou, Logan tinha um tipo de poder capaz de acalentar meu coração ferido.

— Agora que te encontrei não vou te soltar nunca mais. — fechei os olhos permitindo minha mente descansar por alguns segundos.

Passei o final de semana com Logan, mesmo com ele tentando me distrair, meu coração insistia em lembrar de Willian, e no quanto sentia sua falta, tanta que até meu corpo doía.

Pensei que amar alguém fosse uma benção, mas estava mais para uma maldição.

Já havia presenciado o que o amor era capaz de fazer. O amor era capaz de sugar todas suas emoções até não sobrar nada, foi assim com a minha mãe. Quando meu pai foi embora não sobrou nenhuma parte da minha mãe, ele destruiu seu coração e simplesmente não deu a mínima. Era como se nos deixar fosse a coisa mais fácil que ele fez.

Claro que minha situação era diferente, Willian parecia sofrer tanto quanto eu, seu coração parecia tão destroçado quanto o meu. E não fazia ideia de como consertar aquilo, foi uma escolha dele, não caberia a eu mudá-la, mesmo que com toda minha alma quisesse fazer alguma coisa a respeito.

No final da tarde de domingo me encontrava em lágrimas enquanto assistia meu filme preferido, PS. Eu te amo. Amava o fato daquele filme estilhaçar minha alma, assim poderia chorar com algum motivo, além do destroços que Willian deixou o meu coração.

O loft de Logan era em conceito aberto, então enquanto cozinhava para o jantar, eu conseguia vê-lo do sofá. Quando nossos olhos se encontraram, ele percebeu minhas lágrimas, tratei de limpar meu rosto, demonstrando um sorriso, que mesmo me esforçando muito, ainda parecia triste, porque era assim que meu coração batia.

Logan limpou as mãos, circulando o balcão da cozinha vindo até mim. Pegou o controle da televisão desligando.

— Ei! Eu estava assistindo! — resmunguei irritada. Odiava quando me atrapalhavam em meio a um filme.

Logan me olhou de relance, ligando a pequena caixa de som em cima da mesinha de centro, vasculhando seu celular parecendo procurar uma música.

Um som começou a soar pelos alto falantes da caixinha, trazendo um ar divertido para o ambiente.

Logan começou a balançar o corpo, cantarolando a música, "Stand by me" na versão de Ben E. King. Amava aquela música desde os nove anos, era um tipo de música que se tornava impossível ficar parada. Logan tinha lembrado, mesmo depois de tanto tempo.

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