Capítulo treze - Senti sua falta

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Lillian Baxter

Um coração partido dói. Não era apenas sua alma que ficava machucada, dependendo do nível da sua dor, até seu corpo sentia que alguma coisa faltava em você.

Eu o amava, isso era uma certeza assim como tinha certeza que céu era azul e que a grama era verde. Não sei exatamente o momento que isso aconteceu, também não tinha uma resposta do porquê meu coração decidiu escolhê-lo, mas eu simplesmente amava, tão intensamente quanto as ondas do mar durante uma tempestade.

E descobri da maneira mais dolorosa que amar era isso, amar era deixar ir, mesmo quando se quer ficar.

Meus pensamentos ficaram mais confusos a cada instante. Ontem vi um casal de mãos dadas, e deixei minha mente divagar. Imediatamente pensei em Willian, e no fato de nunca poder segurar sua mão em público, ou beijá-lo sem receber o julgamento dos outros pela nossa diferença de idade. E isso era injusto, era injusto duas pessoas não poderem ficar juntas pelo simples fato de terem medo do julgamento dos outros.

A vida era injusta com aqueles que não decidiam enfrentar seus medos mais obscuros. E nós éramos parte dessa conta, destinados a ficarmos separados por medo.

O medo era o destruidor de sonhos mais antigo, se você não tivesse coragem, viveria toda sua vida pela metade, passaria seus dias lamentando o que perdeu, pois tinha medo do "e se". E se... eu fracassar. E se... der errado. Nunca saberemos se não tentarmos, e caso tudo fosse pelo ralo, pelo menos não teríamos arrependimentos.

Mas eu entendia o Willian, entendia o quanto ele tinha a perder, o quanto ele amava a filha o suficiente para não botar em risco a relação dos dois, seu amor era tão grande ao ponto dele sacrificar a própria felicidade. E isso só me fazia amá-lo mais. Não fazia ideia dos motivos que levaram meu pai a me abandonar, mas ver o quanto meu Willian era um pai incrível para Emma, só tornava os meus sentimentos por ele ainda maiores.

Na quinta de manhã acordei cedo para ir a confeitaria. Minhas aulas eram apenas à tarde, então passaria a manhã ajudando Mary.

Os dias começaram a esfriar, já estávamos no meio de novembro, o inverno começava a dar seus sinais. As lojas davam indícios de suas decorações natalinas, que geralmente iniciavam oficialmente no começo de dezembro, mas algumas já começaram seus preparativos antecipadamente.

Particularmente sempre adorei essa época do ano, o frio, as árvores decoradas, tomar chocolate quente perto da lareira e decorar biscoitos de gengibre. Não via a hora de começar a nevar, Nova York ficava ainda mais mágica com todo o branco e luzes natalinas. Mas esses dias ainda estavam um pouco longe, mesmo assim esse foi o único pensamento que me fez sorrir. Queria poder viver tudo isso com Willian, e esse pensamento murchou meu coração como uma flor exposta muito tempo ao sol do verão.

Quando cheguei na confeitaria, encontrei Mary repondo cupcakes no expositor do balcão.

Passei a manhã um pouco calada, acho que o faro infalível da minha chefe notou que tinha algo errado.

— Pode falar, Lily! — começou depois que as outras duas funcionárias que trabalhavam conosco saíram da cozinha.

— Falar o que? — murmurei, tentando me fazer de desentendida, mesmo sabendo que Mary era esperta demais para cair nesse papo.

— Não se faça de sonsa, Lily! Tive que aguentar meu irmão chorando ontem. E aquele cara nunca chora. — confessou. Willian tinha chorado? Mas a nossa conversa tinha sido há dias atrás, então ele ainda estava sofrendo tanto quanto eu?

E como Mary sabia que era por minha causa que ele estava assim? Willian contou para ela?

— Ele te contou? — tive que perguntar, meu coração acelerou em pensar que Emma também poderia saber. E se tivéssemos deixado nossos sentimentos transparecer no momento errado?

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