Capítulo quatorze - Minha calmaria

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Willian Clarke

Toda vez que ela sorria para mim e suas covinhas emergiam em suas bochechas, eu sabia que tinha feito a escolha certa.

Depois do nosso beijo no escritório decidi que daria uma chance para nós, porque merecíamos uma chance. Amar não deveria ser um crime, mesmo que estivéssemos agindo como criminosos, se amar Lily fosse ilegal, então tragam as algemas. Nem com meu coração enjaulado ele pararia de bater por ela.

Os dias em que ficamos distantes foi uma tortura para meu coração. Todas as noites quando deitava minha cabeça no travesseiro sentia falta de Lily, as lembranças do seu sorriso, do gosto do seu beijo e do cheiro de baunilha do seu cabelo inundavam minha mente.

Aqueles dias foram uma constante tempestade, as manhãs ensolaradas haviam sumido, e todas as outras pareciam cinzentas. O trabalho havia virado um fardo, até levantar da cama era doloroso. Então voltei a fazer algo que tinha esquecido a muito tempo, pintar.

Quando minha mãe estava viva, ficávamos horas no jardim pintando, e no dia em que a perdi não vi mais sentido em continuar, quando a única pessoa que me inspirava não estava mais respirando.

Tudo mudou quando Lily surgiu em minha vida, era como se estivesse trancando a respiração durante dezoito anos, e agora finalmente o ar havia voltado a meus pulmões. Ela me fez perceber que ainda estava vivo, ainda havia vida em mim, e que durante esse tempo esperava pela garota que me acordaria do pesadelo, ela me encontrou em meio a tempestade, Lily trouxe luz, quando havia perdido a minha a muitos anos.

Você não espera ser atingido por um sentimento tão assustador quanto o amor, mas quando penetrava em seu coração, se espalhava feito veneno em suas veias, e os lábios dela se tornaram minha cura.

Ainda continuávamos guardando segredo sobre nosso recente relacionamento, queríamos ter certeza que daria certo, antes de contar para Emma. Claro que ainda estava com medo da reação da minha filha, mas queria tentar não pensar nesse assunto no momento.

— Que cara de idiota é essa? — Duke perguntou assim que cruzou meu escritório. Ele carregava uma pasta em uma das mãos, largando em cima da minha mesa sem muita cerimônia. Desabotoou os botões do paletó sentando em umas das cadeiras em frente a mesa.

Ele aguardava uma resposta, mas não queria ouvir nenhuma das suas piadinhas. Peguei a pasta sobre a mesa, analisando o conteúdo.

— Não vai falar nada? — franzi a boca em resposta. Duke fez uma careta.

— O trabalho do designer está ótimo, nosso cliente vai aprovar. — desconversei, analisando o trabalho muito bem manuseado da equipe de arte. Meu amigo bateu a mão na guarda da cadeira.

— Deixa de ser idiota, você sabe que não estava falando do trabalho! A dois dias você estava em frangalhos e hoje está todo sorridente, nem sabia que você ainda sabia sorrir. Pensei que seus maxilares fossem travados, mas parece que foi lubrificado pela saliva de uma garota loira e muito proibida, segundo você. — debochou. Minha felicidade estava tão estampada que acabei rindo da brincadeira sem graça de meu amigo.

Duke endireitou as costas na cadeira, arrumando a gravata, estampando um sorrisinho malicioso.

— Estamos juntos, se é isso que você quer saber! — respondi finalmente o encarando. — Estamos nos conhecendo, e esperando o momento certo para contar para Emma.

— Isso é ótimo, Willian! Fico feliz por vocês dois, Lily é uma boa garota e você merece ser feliz.

Soltei o ar, um pouco preocupado. Ainda tinha medo de machucar Lily, ou de machucar minha filha, as duas eram importantes demais para mim. O medo consumia meus pensamentos ao lembrar que poderia destruir a relação das duas.

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