Capítulo quinze - Aos pedaços

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Lillian Baxter

O relógio na cabeceira da cama marcava cinco horas da manhã, quando virei meu rosto encontrei Willian ao meu lado.

Um sorriso involuntário tomou conta dos meus lábios, como sempre acontecia quando olhava para ele.

Seu braço envolvia minha cintura, seu rosto encostado em meu ombro. Durante as noites que dormi em seu quarto, percebi que ele adorava dormir assim, agarrado a mim, como se a qualquer momento eu escorregasse entre seus dedos, desaparecendo como areia numa ampulheta. Meu coração falhou em pensar que talvez nossa areia estivesse se esgotando, nesses últimos dias ele parecia distante, diferente, preocupado. Não questionei o que fazia sua mente divagar, não queria parecer invasiva, por mais que estivéssemos em um relacionamento, cada um tinha suas questões, que no momento certo ele falaria para mim sobre elas.

Fiquei mais um tempo admirando seu rosto, antes de afastar meu corpo, levantando. Calcei minhas pantufas, finalmente saindo da cama.

— Vai sair de fininho de novo? — escutei sua voz sonolenta, assim que encostei na maçaneta da porta. Dei meia volta, olhando para Willian que acendeu o abajur, sentando-se na cama. Seu cabelo estava totalmente bagunçado, com seu abdômen definido exposto. Ele adorava dormir sem camisa, e para falar a verdade, eu também adorava ter a visão dele sem camisa.

— Tenho que estar no meu quarto antes da Emma acordar, lembra?

Willian levantou da cama vindo até mim. Agarrou minha cintura, beijando minha boca. Ele me pegou no colo.

— O que está fazendo, Willian? — não obtive resposta, apenas um sorriso.

Quando nos deitamos novamente, ele me abraçou fortemente, repousei minha mão em seu peito, as batidas do seu coração cada vez mais aceleradas. Um sorriso brotou em meus lábios, Willian percebeu, colocando sua mão sobre a minha.

— Está sentindo? — ele perguntou beijando o topo da minha cabeça, acariciando minha mão com o polegar. — Cada batida do meu coração é dedicada a você!

E aquela declaração às cinco da manhã me fez perceber que Willian Clarke era o amor que sempre quis ter. Um amor que pensava que não existisse, daqueles clichês. O tipo de amor que lia em livros e via em filmes, mesmo não acreditando em finais felizes, com todo o coração esperava que minha história com Willian tivesse esse tipo de final.

Quando entrei pela porta deste apartamento nunca imaginei me apaixonar por Willian. No dia em que nos conhecemos ele mal olhou para meu rosto, parecia um homem rígido e sério, sem nenhum vestígio de sorriso ou simpatia, ele parecia um robô de gravata e terno. E agora, o conhecendo de verdade, percebi que ele só precisava de alguém que ouvisse o som do seu coração, que provasse que ele ainda tinha um coração dentro de seu peito.

Às vezes só precisávamos de alguém que escutasse os gritos do nosso coração, e mesmo assim, escolhesse ficar.

Depois de voltar para meu quarto, tomei um banho e desci para ajudar a preparar o café da manhã.

Willian já estava na cozinha acompanhado de Emma. Eles riam de alguma coisa, observei os dois por um momento, por mais atritos ou discussões, dava para ver a cumplicidade entre os dois. Meu coração falhou quando a lembrança dos segredos atingiu meu peito. Estava mentindo para as duas pessoas mais importantes da minha vida, e se eles descobrissem antes que pudesse contar a verdade, seria uma catástrofe.

E agora que finalmente os ventos haviam diminuído e as tempestades passaram, por um resquício de tempo fiquei com medo por estar tão feliz, todo sorriso, tinha uma sequência de lágrimas, e tinha medo de que a felicidade se transformasse em dor.

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