Capítulo dez - Uma verdade difícil de admitir

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Willian Clarke

As palavras de Lily da noite anterior ainda retumbavam em meu peito. O cheiro do seu cabelo ainda estava impregnado em meus pulmões, era até difícil respirar, era difícil manter a postura na frente dela.

A festa de Halloween seria amanhã à noite, e como hoje era sábado ficaria em casa para ajudar nos preparativos.

Emma e Lily estavam recortando abóboras de papel na mesa da cozinha, para a decoração da festa, sobre o tampo também havia alguns morcegos e chapéus de bruxas já cortados e prontos.

— Começaram cedo meninas — falei dando um beijo na testa de Emma, que revirou os olhos para Lily.

— Lily me fez levantar cedo em pleno sábado! — reclamou minha filha. Lily apenas sorriu ainda concentrada em sua tarefa.

— Pai, precisamos comprar mais chocolate para encher as abóboras! — relatou Emma apontando para as abóboras já sem o miolo e prontas para receber os doces. Ontem à noite eu e Duke tiramos os miolos de cinco abóboras, na verdade eu tirei boa parte, e a outra metade do tempo escutei meu amigo reclamando que criaria calos nas mãos.

— Tá bom, então vou ao mercado comprar o que falta para os preparativos! — Emma concordou. Eu virei para sair do ambiente quando minha filha sugeriu que levasse Lily para me ajudar. Tentei lutar contra os argumentos de Emma mas ela era muito persuasiva. Não perderia mais tempo discutindo.

Lily me acompanhou até o carro, ela parecia nervosa, a mania de enrolar a ponta do cabelo no dedo havia voltado.

— Não precisa ser assim! — falei quando entramos no carro. — Não precisamos nos ignorar. — ela me olhou com o canto dos olhos, mordendo o lábio.

— É difícil fingir. — respondeu olhando para frente, ela não conseguia me encarar. Acho que nem eu.

— Fingir? — repeti para entender melhor o que ela estava querendo dizer.

— É difícil fingir que eu não quero você. — as palavras dela cortaram meu peito como uma lâmina afiada. — Mas prometo fazer o possível para meu fingimento ser convincente. — finalizou com a voz mais triste que eu já ouvi sair de seus lábios. Estamos sofrendo do mesmo efeito, queremos um ao outro com a mesma ânsia, mas as circunstâncias que nos separam são muito mais fortes que nossos desejos.

— Não pense que é só você que está fingindo! — retruquei dando finalidade ao assunto.

O caminho até o supermercado foi silencioso, Lily encarava a janela com o olhar vidrado nas gotas de chuva que escorriam pelo vidro. Sentia o quanto ela estava triste, desapontada e frustrada, porque também estava me sentindo assim.

Encontrei um lugar para estacionar, foi um pouco difícil, o estacionamento estava cheio de carros, com as festividades do halloween a cidade ficava ainda mais agitada, como se fosse possível, já que Nova York era tumultuada sempre.

O clima entre nós começou a ficar pesado. Ela tentava se concentrar em encontrar as prateleiras com os chocolates, e eu tentava me concentrar em não querer beijá-la a cada instante que sua boca se movia.

Nunca pensei que seria tão difícil manter distância de uma mulher, sempre tive controle das minhas próprias emoções, mas quando olhava para ela, minha razão simplesmente desaparecia.

— Lily! Lily Baxter? — ouvi alguém pronunciar o nome de Lily, um rapaz alto, com sorriso bonito e cabelos pretos se aproximou de nós. Vi Lily abrir um sorriso de orelha a orelha, e aquele simples gesto fez meu sangue ferver.

— Ai meu Deus! Logan? — ela questionou direcionando-se ao rapaz de olhos monólitos pequenos e estreitos. Dava para ver em seu rosto que ela o conhecia muito bem.

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