Capítulo seis - Não significou nada

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Willian Clarke

Não significou nada. Nada. Nada. Nada.

Aquelas palavras retumbavam na minha mente, quase criando raízes. Dirigia em direção ao escritório. Frustrado com a conversa que tive com Lillian. Ela não sentiu nada? Por que eu estava tão péssimo com isso? Por que aquelas palavras me deixaram tão desconfortável?

Ela não sentiu o mesmo que eu? É claro que não, ela era jovem, quantos melhores beijos já deveria ter vivido?

Meu Deus, como queria arrancá-la dos meus pensamentos. Ainda sinto o gosto da sua boca, e do quanto queria beijá-la de novo. Seu cheiro doce, seu cabelo entre meus dedos, a maciez da sua pele.

Balancei a cabeça como se o ato minimizasse o fato de meu corpo aquecer toda vez que pensava nela.

Controle-se Willian. Ela é uma menina, a melhor amiga da sua filha.

Vou repetir essa frase até ela impregnar em meus ossos.

Tentei de todas as formas me concentrar no trabalho.

— Ei, Clarke? — escutei Duke chamar meu nome, meu amigo e diretor de arte da empresa. — Está no mundo da lua? Não te vejo assim, desde... — ele pensou por um momento.

— Na verdade eu nunca te vi assim, tão distraído.

— Não é nada! — respondi voltando o olhar para a papelada em minha frente, que Duke trouxe para analisar.

— Qual o nome da garota?

— Lily — respondi distraído, logo me dando conta da cagada que fiz. Duke e eu nos conhecemos desde a faculdade, obviamente ele conseguia decifrar minha angústia muito mais rápido que qualquer pessoa. Nunca tinha perdido o foco antes, mas ele poderia imaginar que tinha uma mulher envolvida.

— Lily? A amiga da sua filha? — indagou arregalando os olhos. Ele balançou a cabeça com o objetivo de assimilar a situação, sua expressão mudou para um sorriso.

— Caramba, Willian! Quem diria o senhor certinho pegando a amiga da filha. — brincou rindo. Bati a mão sobre a mesa de madeira, irritado com a brincadeira.

— Não aconteceu nada, Duke. Ela tem idade para ser minha filha. — respondi tentando me concentrar na leitura do relatório em cima da mesa. Não poderia encarar meu amigo, ele me conhecia bem demais, e na minha cara estava estampado a palavra culpado.

— Bom, mas ela não é sua filha. Emma já ocupa esse posto. — ironizou. — E se não aconteceu nada, por que diabos você está tão mal humorado? — indagou curioso. Precisava desabafar com alguém sobre o que ocorreu ontem, e Duke era a única pessoa que talvez entendesse.

Fechei a pasta que folheava, finalmente olhando para Duke.

— Eu beijei ela. — contei toda a história do que aconteceu no bar.

Duke observava calado, acho que analisava a situação complicada a qual me meti.

— Acho que está encrencado, amigo! — respondeu, vindo até mim e colocando a mão em meu ombro, sabia que estava prestes a me dar um conselho, ele sempre fazia esse gesto, como se quando apertasse meu ombro suas palavras fariam mais efeitos. — Eu acho que gosta dela. E como é um covarde vai correr desse sentimento, e você está certo. Porque vai ser complicado por causa da sua filha. Então o conselho que eu te dou é: siga seu coração.

— Seu conselho é bem óbvio! — disse, o vendo rir.

— Às vezes o óbvio deve ser dito em voz alta!

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