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Harry estava passando por um dia bastante complicado, muito atarefado. As coisas não pareciam ter fim e se acumulavam em sua cabeça, fazendo moradia. E para piorar, ele e Louis andavam de cabeça quente, ainda que não querendo, quase não tinham tempo de olhar um para o outro, se apreciar a pessoa que havia ao seu lado. A distância causava danos silenciosos, mas poderosos.
Harry gostaria de ver a Louis mais vezes no corredor, mas com novos internos de neuro, em cada canto, eles estavam distantes e Harry não o auxiliava mais tanto. Seu tempo era quase exclusivamente dedicado a ficar no trauma. Harry estava passando muito tempo com Owen.
Owen era o chefe do trauma, um homem que, ao ver de Harry, parecia uma boa pessoa, mas para Louis, ele não era tão dócil assim. De qualquer modo, Harry costumava dizer ao marido coisas boas sobre este, defendendo-o das desconfianças de Louis.
Harry prendeu os cachos longos, após descansar por dois míseros minutos, antes que novamente ouvisse o som da ambulância encostando no pátio, era a sexta em meia hora. Ele caminhou de volta para os leitos, Owen já o esperava, com um sorriso convidativo nos lábios. Era bom passar um tempo com ele.
— Harry, temos uma emergência aqui — Owen comentou — um ônibus bateu contra um construção e, ao menos, uns vinte civis ficaram feridos, há alguns com fraturas bem graves. Quero que me ajude.
— Precisamos chamar alguns médicos de plantão para cá — Harry suspirou, ao sentir o pager soando sem parar, em seu bolso — acho que aconteceu algo.
No mesmo instante, ambos notaram o agito que se formou, no momento em que os corpos banhados de sangue começaram a inundar o corredor e a ala inteira. O pior, quem sabe, eram dois jovens, com fraturas expostas, na cabeça. Com certeza uma situação de operação imediata.
— Preciso do Dr. Tomlinson aqui urgentemente — Lexie gritou, agoniada por não conseguir se movimentar em meio às pessoas.
— Eu vou chamar o Louis — Harry disse, voltando-se para porta que o levava a outro corredor, o principal, quando Owen o segurou pelo pulso.
— Não precisa, ele virá logo. O hospital todo está em alerta — Owen comentou — enquanto isso, deveríamos ir pegar algumas bolsas de sangue.
— Bom, eu-
Porém, antes que Harry pudesse completar sua fala, as portas da ala principal se abriram. Louis entrou ali, completamente vestido com seu uniforme cirúrgico, de modo imponente como sempre, carregado de responsabilidades, por seu nome de peso. Ele andou por entre as pessoas, que abriam caminho para ele. Louis era tão inacreditável.
— Traga esse aqui para a sala quatro e leve o outro para Shephard na sala oito. Eu quero ver tudo pronto em cinco minutos contados. Tragam algumas bolsas de sangue, quero que verifiquem o tipo de cada um. Os internos de neuro podem se mostrar prestativos nesse momento — Louis ditou sério, rodeando o corredor, para sair novamente, com o paciente atrás de si, sendo auxiliado.
