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Harry estava sentado, no salão de visitas, era o que ficava mais próximo da entrada de sua casa. Fazia boas uma hora e meia que ele estava ali. Sim, ele estava esperando Louis voltar.
Tudo estava escuro, o salão amplo, cheio de altas janelas que tinham vista para o jardim da frente, era apenas um mar de escuridão e silencioso, a não ser pela chuva que caía forte lá fora. Harry se encolheu na poltrona, abraçando as pernas, enquanto olhava para a grande pintura de família, a amostra ali.
Ele sentia muita falta de Louis.
Mas, de fato, ninguém na história estava certo. E, ainda que tivesse que escolher um lado, Louis, de modo algum, poderia sair como o errado.
Não tinha como culpá-lo. Ele estava totalmente certo em cogitar a ideia do divórcio. Não havia um alguém que houvesse lutado mais para que ele e Harry ficassem juntos, do que Louis. Então, para que ele cogitasse a ideia do divórcio, a decepção em seu coração deveria ser imensa.
Durante longos quatro anos, tudo o que Louis viu foi Harry, seu coração era dele antes mesmo que um pudesse ter ao outro. Em anos de casamento, em catorze anos de casamento, Louis sempre beijou o chão onde Harry passava, Harry tinha seu coração nas mãos para fazer o que quisesse literalmente, e ver a cena deste beijando outro homem em uma sala escura? Louis sentiu seu mundo caindo ali.
Harry também não tinha culpa. Ele foi forçado ao beijo, foi obrigado a aquilo e, por infortúnio deste destino, Louis os viu.
Mas a questão era que, Harry era arrogante, ele mesmo dizia isso. Na maioria de suas brigas, ele nunca estava disposto a ouvir Louis, ele sempre era o certo da história. Ele havia dito muitas besteiras a Louis naquele dia.
E Louis? Ninguém poderia imaginar o quão duro foi para ele operar uma pessoa entre a vida ou morte, com lágrimas ardendo para sair em seus olhos, ao ponto de precisar fazer uma curta pausa, porque a sua visão estava embaçada demais.
E o único motivo pela qual Louis se recusou a falar com Harry após ter visto tudo, foi porque ele iria o perdoar. Sim, Louis tinha tanto amor por Harry, que estava disposto a perdoá-lo mesmo antes de saber que era um beijo forçado. Louis estava disposto a perdoar uma traição, apenas para não perder a Harry.
Ele precisava de um tempo e após recobrar sua consciência, ele entendeu que não poderia ignorar sua própria decência. Ele amava Harry de maneira absurda, mas neste sentido, o amor realmente não era o suficiente.
Receber uma mensagem de seu advogado, logo após o ocorrido, não o ajudou. Foi com muito peso que ele ignorou aquele sinal. Ele se sentia burro e inútil ao estar tão disposto a dar o perdão a Harry de modo tão fácil.
Imagine passar catorze anos com alguém e este lhe dizer que você não era o que ele esperava e que ele não precisava de você na vida dele?
Um "ok" para responder um "te amo" era um bom golpe de amor próprio. Ele não havia errado em nada.
