7. Primeira reunião

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Quando for dar um passo à frente, não se esqueça de usar palmilhas de silicone.
— Bianca


Bianca estava concentrada no seu notebook, fazendo os últimos ajustes em sua apresentação.

Queria que tudo ficasse perfeito. Não haveria uma única pergunta que não seria capaz de responder.

— Essa vista é realmente espetacular — disse Gizelly, boquiaberta, olhando pela janela. Manu grunhiu, com a cabeça enterrada na caixa que estava desempacotando.

— Temos três semanas para organizar esse evento. Você não tem tempo para ficar olhando a paisagem.

— Essa vista revigora as energias. É empolgante, Manu. Há de tudo acontecendo pela cidade, há pessoas se apaixonando.

— As pessoas não estão se apaixonando, Gizelly. Aqui é Nova York. As pessoas estão empurrando uns aos outros para fora do caminho, enquanto correm atrás do próximo pedacinho da vida delas.

— Você está errada. Tem mágica acontecendo nesta cidade. Ela é repleta de esperanças e possibilidades. — Gizelly inclinou a cabeça contra o vidro da janela. Sua expressão era sonhadora. — Eu acho que vou adorar trabalhar em um escritório chique com o mundo aos meus pés. Agora entendo por que a Rafa trabalha tantas horas. Por que ia querer sair do escritório?

Bianca não ergueu os olhos.

Rafa tinha dado uma chance a elas. Era trabalho dela garantir que não arruinassem tudo.

Havia três dias que Bianca estava trabalhando sem parar e a maior parte da noite passada até conseguir organizar o planejamento. Às quatro da madrugada, pegou no sono com o notebook aberto na cama, até as seis e meia, quando foi acordada por uma Gizelly sonolenta que trazia uma caneca de café bem forte e um bolinho de amora que tinha assado mais cedo.

Sabendo a luta que era para Gizelly acordar cedo, Bianca ficou comovida. E agora faltavam poucos minutos para a reunião.

Manu olhou para a amiga.

— Realmente não acredito que você conseguiu, Bianca. Quando você disse que a Rafa queria que o evento fosse realizado em um mês, não dava para saber qual das duas era mais louca: ela por fazer a sugestão ou você por tê-la acatado.

— Eu queria provar que somos capazes.

— Bem, você provou. Ela vai ficar impressionada.

— Quis dizer que queria provar para mim mesma. Eu precisava provar a mim mesma. — Se dessem conta disso, poderiam dar conta de qualquer coisa. — E temos um longo caminho a seguir. Esse é só o começo.

— Mas é um bom começo. Espero que Rafaella reconheça seus superpoderes como negociante.

— Nosso trabalho é fazer tudo isso parecer fácil e tranquilo, não desafiador. O seu desejo é uma ordem, lembra?

— Tenho a sensação de que esse evento vai ser "o seu desejo é nosso ataque dos nervos" — comentou Gizelly. — Você tem certeza de que se trata só de orgulho profissional? Você tem certeza de que não há nada mais pessoal em jogo?

— Não. — Bianca respirou fundo. — O que mais poderia estar em jogo?

— Eu sei lá. Quando vocês estão juntas, soltam mais fagulhas do que os fogos de artifício no ano-novo. Numa noite escura, aposto que dá para ver vocês duas de Nova Jersey.

— É verdade que às vezes parece que estamos o tempo todo em pé de guerra. — E Bianca detestava isso. Sentia falta da relação tranquila e íntima que as duas tinham tido na adolescência.

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