17. Mês passado?

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Não é porque uma mulher não pede informações que ela não está perdida.
— Bianca

Naquele sábado, Bianca e Rafaella caminharam pelo High Line, a linha de trem histórica que tinha sido desativada e transformada no parque público mais alto de Manhattan. Com dois quilômetros e meio de extensão, ela serpenteava pelos bairros de West Manhattan: uma passarela vibrante e verdejante de jardins espalhados, flores silvestres, gramados e arbustos que abrandava os ângulos dos prédios circundantes.

Quando se cansaram de caminhar, compraram café e se acomodaram sob a sombra de um lindo canteiro bem em cima da West 15th Street. Dali, tinham uma vista ampla do rio Hudson, do Empire State e da Estátua da Liberdade.

— Eu amo este lugar. — Rafa semicerrou os olhos para se proteger do sol. — Ele me faz lembrar que as coisas não precisam continuar iguais. Que podem mudar, renascer e se transformar.

Ajeitando o copo de café no colo, Bianca esticou as pernas e inclinou o rosto para o sol.

— Esse é o seu trabalho, não é? Encontrar novos jeitos de fazer as coisas? Atualizar o antigo?

— Eu não atualizo. Eu inovo.

Ela fechou os olhos e sorriu.

— A Srta. Sensível.

— Nenhuma mulher nunca me chamou de sensível.

— Eu conheço seus pontos fracos. — O celular de Bianca tocou, ela abriu os olhos e o tirou de dentro da bolsa. — Preciso ver quem é... — Era a mãe dela e Bianca atendeu lançando um olhar de desculpas para Rafa.

— Mãe? — Ela se virou um pouco, sorrindo enquanto se preparava para ouvir a mãe contar empolgada suas últimas aventuras na Europa. — Que incrível. Estou feliz que estejam se divertindo tanto... Sim, está tudo bem por aqui. Está ótimo no trabalho. Não poderia estar melhor. — Conversou com a mãe por mais algum tempo e depois desligou. — Desculpe por isso.

— Não tem problema. — Rafa terminou o café. — Você tem uma mãe que quer saber como a filha está. Vocês se dão bem. Você tem sorte.

Bia brincou com o próprio café.

— Você já pensou em entrar em contato com a sua mãe? A sua mãe biológica? Na última vez que conversamos sobre isso, muitos anos atrás, você disse que estava pensando no assunto.

— Para que eu faria isso? Percebi que se ela quisesse saber onde eu estava e o que eu estava fazendo, teria mantido contato. Ela era a adulta. Eu era só uma criança. Ela sabia exatamente onde eu vivia.

Bianca se aproximou de Rafa, que virou o rosto e sorriu.

— Não olhe para mim desse jeito, com esses olhões tristes. Foi há muito tempo. Posso te dizer, com honestidade, que raramente penso sobre o assunto.

Devia ser verdade, mas aquela experiência tinha se tornado parte do que ela era, Bianca sabia disso.

— Se algum dia você quiser conversar sobre o assunto...

— Não tenho nada para falar sobre isso. Genilda é e tem sido minha mãe desde que eu tenho 6 anos. Não há lugar para outra mãe na minha vida, muito menos para uma que deixou bem claro que não me queria. Enfim, você se imagina com duas mães? — Rafa deu de ombros. — Duas mulheres perguntando quando você vai sossegar e dar netos pra elas. Me poupe. — Ela se levantou e estendeu a mão. — Vamos caminhar. E depois é melhor voltarmos para casa, porque hoje à noite vou preparar o jantar.

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