11. Há quanto tempo?

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Quando a vida lhe der limões, peça o endereço para devolvê-los.
— Gizelly

Bianca circulou pela cobertura em Lower Manhattan, conferindo cada detalhe.

Era difícil acreditar que semanas e mais semanas de trabalho estavam prestes a se tornar realidade.

O som de martelos e gritos ecoava pela cobertura enquanto a equipe que Manu tinha contratado dava os últimos retoques nos expositores e testava as luzes. Os profissionais haviam ficado ali até de madrugada na noite anterior e lá estavam eles de novo até o começo da noite. Manu, vestindo calça jeans e com o cabelo preto preso em um despretensioso rabo de cavalo, parecia uma guerreira em combate, dando ordens sobre os procedimentos. Ela havia reservado uma área de trabalho onde eles podiam desamarrar os ramalhetes de flores e arrumá-los.

Bianca tinha que admitir que o que haviam projetado juntas era impressionante.

Do outro lado da cobertura, Gizelly ia para lá e para cá enquanto coordenava os detalhes finais entre o salão e a Comidas Deliciosas.

Os elevadores tinham sido transformados em cápsulas futuristas, prontos para transportar os convidados a uma nova era cibernética. De lá, seriam conduzidos através de dois "túneis" inteligentemente criados que levariam até o terraço, onde o mundo se abriria a eles, simbolizando a tecnologia cibernética.

Não havia um único imprevisto que Bianca não tivesse considerado. Ela tinha dois planos contingenciais para cada item da festa e estava convencida de que não havia nada que pudesse dar errado e de que não daria conta.

Rafa disse que não era possível controlar as coisas, mas isso ela podia controlar.

E não tinha apenas um plano A. Ela tinha também um B e um C.

A previsão do tempo era de chuva, mas todos os sinais indicavam que só começaria depois do fim do evento. Se chegasse mais cedo, então Bianca também estaria pronta. A porta de vidro seria fechada e os convidados ficariam na área interna.

— Nunca mais vou fazer canapés temáticos de sistema binário na vida. — resmungou Gizelly, juntando-se a Bianca. — Vou sonhar com uns e zeros hoje à noite.

— Eles estão incríveis. Você foi tão sagaz, Gi. Com o olhar cansado, Manu se juntou às duas.

— Eu subi naquele andaime tantas vezes nos últimos dois dias que meu peitoral deve ter bombado.

— Está tudo ótimo. Agora, só precisamos dos convidados. — Bianca se aproximou de Manu e limpou uma mancha de terra em seu rosto. — Acho que é melhor você ir se trocar, pois a equipe da Gênio Urbano está meio, hum, urbana demais. Precisamos dar a impressão de que não fizemos esforço nenhum. Como se tivéssemos preparado tudo enquanto lixávamos as unhas.

O estômago de Bianca estava se revirando de nervosismo quando as três escaparam para a sala particular que haviam reservado como camarim.

Gizelly e Bianca vestiram a mesma saia curta preta com salto, mas Manu, que odiava usar saia, optou por uma calça preta de alfaiataria. Cada uma colocou uma camisa de cor diferente com o logo da Gênio Urbano no bolso da frente.

Bianca estava de preto; Gizelly, de azul-marinho; e Manu, de verde-escuro.

Bianca olhou para as amigas e seus olhos se encheram de lágrimas.

— Estou tão orgulhosa de vocês. De nós. Conseguem acreditar que estamos fazendo isso juntas? É o nosso negócio. Batalhamos tanto. Vamos fazer dessa empresa um enorme sucesso. Obrigada por assumirem o risco e aceitarem.

Manu enrubesceu.

— Aceitamos porque confiamos em você. Não conheço ninguém tão motivada e focada. Ou tão determinada. Se havia uma pessoa que descobriria um jeito de fazer isso acontecer, era você.

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