Se você não teve sucesso de cara, mude de plano.
— BiancaVIRAR SUA PRÓPRIA CHEFE?
— Que tipo de piada insensível é essa? Marcela apontou para as taças.
— Sirva logo a bebida e cale a boca, Rafa. Apenas sugestões sérias são bem-vindas aqui.
— Estou falando sério. A Bianca estava indo bem naquela porcaria de empresa, por que não trabalhar para si mesma?
A mão de Marcela congelou e Garrinhas a cutucou para que voltasse.
— Porque começar o próprio negócio não é algo que se faça assim, ao bel-prazer. É arriscado.
— A vida é arriscada. — Rafa colocou salada no prato. — Bianca acabou de perder o emprego, então, pelo visto, ficar na zona de conforto não deu tão certo. Ela sempre falou sobre começar um negócio próprio um dia. Esse, talvez, seja o dia. Dessa forma, Bianca pode escolher a própria equipe e continuar a trabalhar com Gizelly e Manu. Problema resolvido.
Bianca sentiu seu coração se debater contra o peito. Essa ideia era louca.
Estúpida.
Ou não?
Marcela estremeceu toda quando Garrinhas pulou de seu colo.
— O que você está sugerindo implica um passo enorme. Agora não é hora de tomar uma decisão dessas.
— Agora é a hora perfeita. — Rafa enterrou o garfo na comida e se virou para Bianca. — A não ser que você queira ficar um tempo se afundando. Nesse caso, vá em frente. Festa de comemoração ou de comiseração, não importa, eu estou dentro. Sirva o champanhe e vamos lá.
Havia um ponto a favor de Rafa, refletiu Bianca: ela não a protegia. Nunca a protegera.
Não que ela não a tivesse deixado fora de si.
— Não quero comiseração nenhuma. — Antigamente, Bianca teria gostado tanto do fato dela conhecê-la tão bem. Agora, ela queria que não fosse assim. Era difícil se esconder de alguém que conhecia todos os seus segredos. Parecia invasão de privacidade, como se ela tivesse lhe entregado uma chave que Rafa se recusava a devolver. — É verdade que quero abrir a minha empresa um dia, mas preciso de experiência. Preciso aprender quanto puder e planejar tudo cuidadosamente. Eu ainda não estou pronta.
— Você quer dizer que está com medo. — Com um movimento habilidoso de punho, Rafa abriu a garrafa de champanhe e Garrinhas deu um pulo com a rolha que atravessou voando a varanda.
— Eu não estou com medo. — Bianca ficou pensando em como era possível que ela sempre soubesse como ela se sentia. — Não é esse o motivo.
— Você é boa ou não no que faz?
— Eu sou excelente no que faço. É por isso que achei que ia ser promovida e...
— Você precisa de muito apoio e orientação de quem está acima de você?
Bianca pensou em quanto tempo Cynthia passava trancada sozinha no escritório.
— Não.
— Você precisa de alguém para atrair clientes ou tem confiança suficiente para sair e ir atrás deles? Consegue fechar um contrato?
— Eu faço isso o tempo todo! Levei nove clientes novos no último semestre e aumentei a receita em...
— Não precisamos falar sobre números... Vamos falar sobre seus princípios. Entendemos que é excelente no que faz e que não precisa da ajuda de ninguém, então a única coisa que a impede é o medo do desconhecido. É mais fácil ficar na zona de conforto e fazer o que sempre fez. Mas você trabalhou para aquela vaca dos infernos, Bianca, e ela ficou com o crédito por seu trabalho suado. Por que continuaria levando as coisas dessa forma?
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Eventualmente
FanfictionCalma, competente e organizada, Bianca Andrade adora um desafio. Depois de passar a infância pulando de médico em médico, ela decide mudar para Nova York para provar o seu valor e mostrar que sim, ela é capaz de qualquer coisa. Qualquer coisa. Desd...