14. O lenço

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Se há algo na vida melhor do que uma amiga de verdade, são duas amigas de verdade.
— Gizelly


— Isso é um café da manhã de comemoração. — Gizelly colocou tigelas e colheres no centro da mesa. — Deu tudo certo! Todos disseram a mesma coisa. Pelo menos seis pessoas pediram meu cartão.

— O meu também. — Manu fechou o livro que estava lendo e o colocou sobre a mesa. — Passa o iogurte, Gi. E já que está na geladeira, pega uma Coca Diet. Estou tão cansada que acho que vou me afogar nela.

Gizelly mergulhou dentro da geladeira e surgiu com frutinhas e iogurte.

Ignorou as latas de refrigerante enfileiradas e disse:

— No fundo, você não quer uma Coca. Eu me recuso a dar veneno à minha melhor amiga. Um dia desses faço uma desintoxicação da sua geladeira.

Gizelly e Bianca estavam na cozinha de Manu, pois Gizelly tinha começado a preparar as refeições desde bem cedo naquela manhã e a cozinha estava coberta pelos resultados dos diversos experimentos culinários que havia feito.

A luz do sol entrava por entre as janelas e os potes com ervas arrumados em volta da porta que se abria diante de um pequeno jardim. Todas as superfícies do pequeno apartamento de Manu estavam cobertas pelas plantas que cultivava. Em fileiras, povoavam o parapeito das janelas e repousavam sobre os balcões ao lado de plaquinhas preenchidas com a bela letra de Manoela.

— Se pelo menos metade dessas pessoas ligar, já ficaremos bem ocupadas. — Manu se levantou e foi buscar um refrigerante, ignorando o olhar de reprovação de Gizelly. — E eu amo minha geladeira. A cozinha é minha, assim como o vício e a escolha. Você bebe café. Não tem diferença.

— Café é uma substância natural.

Ignorando-a, Manu abriu a latinha e voltou a se sentar.

— Ainda não me recuperei do choque de ver Matilda com Chase Adams.

— Eles estavam perfeitos juntos. Cinderela e seu Príncipe. — Sonhadora, Gizelly foi pegar a comida e acabou deixando o livro de Manu cair da mesa.

Manu se inclinou para pegá-lo.

— Você nunca desiste, não é mesmo?

— Não. Meu verdadeiro amor está lá fora, em alguma parte. O de todas nós, aliás. Mesmo o seu e... cacete... — Gizelly arrancou o livro das mãos de Manu e olhou para a foto na contracapa. — Esse cara é gostoso demais. Repare só nesses olhos. Quem é ele? É o herói de romance perfeito. Acho que estou apaixonada. — Virou o livro e o jogou. — Argh. Isso aí é sangue?

Com um suspiro, Manu o pegou novamente.

— Não. É ketchup. O cara sofreu um acidente na cozinha.

— Não acho sarcasmo nem um pouco atraente. Não sei como você consegue ler esse tipo de coisa.

— Esse tipo de coisa se chama "terror" e eu adoro. Lucas Blade sabe muito bem como entrar em sua mente e deixar você acordada a noite toda...

— Não me incomodaria nem um pouco se ele me deixasse acordada a noite inteira, e não estou me referindo à leitura. Espera aí... Você disse Lucas Blade? — Gizelly franziu a testa e tirou o livro das mãos de Manu de novo. — Esse é o nome do autor? O cara que está na contracapa?

— Sim. E se você deixar meu livro cair de novo, arranco as suas tripas.

— É ele. — Triunfante, Gizelly devolveu o livro a Manu. — É o neto da Mitzy! Lembram que falei dele? O escritor recluso. Lucas Blade.

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