A Herança Escarlate | The Hobbit [Concluída]

08-Estou orgulhoso de você |✔️

-vocês podem ir na frente, eu estarei lá no dia de durin, eu juro.

-O que??? Só pode estar ficando maluca, nós precisamos de você.- bilbo tenta não surtar, falhando miseravelmente

-vocês não podem esperar e eu não consigo resistir...eu preciso...

-isso é maluquice... maluquice!!- ele parecia falar consigo mesmo- me prometa que irá nos encontrar.-ele estende o seu dedo mindinho, ao contrário de mim, bilbo tinha mãos minúsculas (até mesmo para um hobbit) elas eram macias e gordinhas

-eu prometo, bilbo.- entrelaço meu grande dedo mindinho ao de bilbo, sua expressão continua aflita, não gostava da ideia.

-qual seria o plano?-ele pergunta mordiscando o lábio

-bom, eu terei que estar com o rei quando acontecer, então você pega as chaves... com quem quer que as tenha visto...e durante a ceia vocês precisam partir... mas como?

-eu estive escondido na adega do rei, lá tem uma passagem que dá no rio rápido, é onde eles mandam de volta os barris vazios para a cidade do lago

-Otimo bilbo!!- digo já quase que gritando

-bem... os ouvi falar que amanhã terá uma celebração no salão de jantar e também vão descartar os barris vazios pela passagem... Podemos botar os anões nos barris e assim eles descerem pela passagem...

-tome cuidado bilbo, talvez você seja o único com bom senso nesta companhia... cuide bem deles até que eu chegue.- Bilbo não gostava da ideia de me deixar para trás, e ele sabia que assim que Thorin o percebesse, iria surtar. Ele se acalma e então nós dois acabamos dormindo na enorme e macia cama élfica

_ao amanhecer não encontro bilbo ao meu lado, apenas os lençóis de seda todos amarrotados, me levanto e ainda vestia o lindo vestido verde da noite anterior, me olho no espelho e fico ali por um tempo, ouço leves batidas na porta o que me faz sair de meus pensamentos, me viro rapidamente e vejo as elfas, dessa vez uma delas tinha em mãos um vestido marrom com detalhes em dourado. Novamente as elfas me banham e trançam meus cabelos, a outra elfa delicadamente me veste, ao me ver no espelho consigo ver melhor o magnífico vestido, ele tinha um decote quadrado e destacava as curvas do meu corpo, meu cabelo estava trançado de modo que minhas orelhas ficassem visíveis.

-está magnífica!-ela terminava de ajeitar as mangas, a porta se abre e vejo a imagem de Thranduil entrar, as elfas ao perceberem fazem uma pequena referência

-já estavamos de saída.- uma das elfas fala antes das três irem embora

-Amarïe...-thranduil sorriu ao me virar pra ele

-eu não sei se esse tipo de roupa combina comigo...

-está muito parecida com sua mãe...-me viro novamente para o espelho e contínuo a admirar o vestido

-ele é lindo...-digo tentando mudar de assunto

-ficou perfeito em você.-thranduil aparece atrás de mim no espelho, ele parecia me admirar

- Hantalë(obrigada).-os olhos de thranduil brilhavam

-ainda lembra de suas origens...

-nunca esqueci minhas origens, acho que só... tenha preferido me afastar delas.- me viro para thranduil que estava atrás de mim

-Estou orgulhoso de você.-Antes que eu pudesse responder algo, Thranduil me puxa para seus braços, me envolvendo entre eles em um abraço apertado e confortável. Meu coração acelera, senti minhas bochechas esquentarem, me perguntava o motivo dessa reação repentina que meu corpo despertou com apenas um toque simples do mesmo. Uma estranha sensação de nostalgia me corroía, era como se eu anelasse aquilo à muito tempo. Thranduil acariciava meu cabelo enquanto me confortava em seus braços, o seu cheiro me lembrava o doce outono, que trazia a leve lembrança de Radagast, e de como ele adorava as tardes de outono.

-Thranduil...-eu não queria o deixar, mas o faço, nos separo com receio e olho em seus olhos- Ontem, você falou que iria me contar sobre mim...

-sim...Radagast, não é?.-ele se afasta e vai até a janela

-o que sabe a respeito dele? sobre como eu fui parar nas suas mãos?-sento na cama que estava próxima á mim, mas thranduil continuava atento às janelas

-o que ele te contou?

-bom...que minha mãe morreu em batalha, e por isso que nós tivemos que nos mudar para floresta, era perigoso viver em sociedade por ter herdado...o poder dela.

-ele te contou tudo...menos todo o resto.-Thranduil respira fundo e caminha até a cama onde eu estava e deita com a cabeça em meu colo

-ahm, como assim?

-não só sua mãe morreu em batalha, mas seu pai também...Antes de partirem para batalha sua mãe deixou ordens de que se algo acontecesse, deveríamos leva-la à Radagast... e algo aconteceu, nós não queríamos leva-la...mas você ficou tão triste que entrou em sono profundo, passou meses sem sequer abrir os olhos. Seu temperamento mudou, éramos carne e unha, mas você já não se alimentava mais, estava fraca e triste...e então tivemos que te levar até Radagast.

-quer dizer que fomos amigos?

-não só amigos...-ouvimos batidas na porta e thranduil solta um "entre" enquanto revirava os olhos, a porta se abre revelando a imagem de uma elfa alta de cabelos escuros

-desculpe atrapalhar, senhor. O café da manhã está servido...o príncipe legolas o espera.-ela faz uma pequena reverência antes de sair

-Por que Radagast?- O cutuco e finalmente tenho sua atenção novamente, os olhos do rei encontram os meus, por que tão frios?

-Ele é um mago da natureza, não sei... mas ele te curou.

-curou?

-você não se lembra de nada? nadinha? nada aqui te faz lembrar algo? nem mesmo a mim?- posso estar louca, mas acabei de ouvir sua voz falhar, há sentimentos em sua voz, há algo que ele deseja que eu lembre... mas porque só não me diz?

-... me desculpe

-não é sua culpa.- perco de vista os seus olhos azuis, que agora miram o além da janela

-se... pudesse ao menos me falar... talvez eu me recordaria...

-eu não posso lhe dizer sobre seus sentimentos. está aqui.-ele aponta para meu coração enquanto me olha com o mais triste e gélido olhar.-se era real, você deveria saber.- ele levanta de uma vez, não me dando espaço para pensar no que dizer.-está com fome?

-nem um pouco.

-não pule as refeições. te espero lá em baixo.- vejo o sair e sinto um frio na barriga, cruzes... ouço minha barriga roncar e percebo que estava sim com fome, ele só estava me deixando nervosa. rolo até o outro lado da cama e encontro meu caminho para o grande salão. No caminho avisto bilbo mordiscando um pedaço de pão

-Bilbo!- sai mais como um sussurro mas é o suficiente para assusta-lo

-Amarïe, eu consegui as chaves!-ele fala com a boca cheia de pão.

-Que ótimo, Mas o que ta fazendo aqui no corredor? Se te pegarem aqui o plano acaba!

-desculpa!-bilbo desaparece em um só segundo, mas as migalhas de pão fazem rastros por onde ele passa

-Com quem estava falando?- Thranduil caminhava no final do corredor

-ahm...pensando alto

-pensei ter escutado a voz de mais alguém, o que são essas migalhas?- ele diz ao se aproximar

-ratos! Eu vi ratos!

-morei toda minha vida aqui e nunca vi ratos...curioso, não acha?