6. Perdas

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''Nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o que, com frequência, poderíamos ganhar, por simples medo de arriscar. ''- William Shakespeare


Nós temos apenas mais dezesseis horas. Dezesseis horas para encontrar uma criança que havia desaparecido, na verdade havia sido sequestrada de sua própria casa enquanto a mãe estava amarrada a uma cadeira. O quinto sequestro com o mesmo padrão: casas com meninos de 7 anos e mães solo. O unsub invadia de algum modo a casa no meio da noite, entrava no quarto da mãe e a fazia ''dormir'' com um pano cheio de clorofórmio, amarrava seu corpo em uma cadeira com fita e cobria sua boca com um pano que ele mesmo trazia, depois ia até o quarto da criança e a levava. Acreditamos que o unsub repete o processo do pano com a criança, afinal se ela gritasse alguém poderia perceber o que estava acontecendo.

Porém, a pergunta que reinava em minha cabeça durante o voo até aqui: por que a polícia local não nos chamou antes?

No caminho até a pequena cidade que não havia nos requisitado, observo a estrada enquanto meus colegas parecem fazer o mesmo. Entretanto, em minha cabeça continua a ecoar o mesmo pensamento.

— Posso perguntar algo? — quebro o silêncio ali. Apesar de haver um caso, nós não tínhamos um caso oficial. Estou confusa. Vejo Luke olhar pelo retrovisor e JJ se ajeitar no banco do passageiro, Spencer ao ouvir minha voz parece sair dos seus pensamentos.

— Claro — responde JJ, virando sua cabeça levemente para trás.

— Por que a polícia local não nos chamou? — mantenho uma expressão confusa na face, ansiosa por alguma resposta. Ouço JJ suspirar e se ajeitar no banco do carona.

— Will, meu marido, recebeu um telefonema de um velho amigo da polícia, esse senhor se mudou, aposentou e veio morar aqui em Healdsburg. Há uma semana ele entrou em contato com o Will falando sobre os sequestros que estavam acontecendo aqui — JJ me olha pelo retrovisor. Franzo a sobrancelha, confusa.

— Por que ele não entrou em contato com a polícia daqui? — mordo o lábio, olhando de volta.

— A polícia diz que logo as crianças estarão de volta, que as crianças estão rebeldes — parecendo estar irritada com a fala.

— Mas então elas são encontradas? — se você tem crianças sumidas na sua cidade, você tem problemas.

— Elas sempre aparecem dois dias depois do sumiço — esclarece, tornando a rusga que se forma entre minhas sobrancelhas ainda maior, que porra que tá acontecendo?

Luke estaciona o carro em frente a uma casinha de aparência confortável e familiar, é possível ver um senhor sentado em uma cadeira na varanda. Provavelmente o conhecido do marido de JJ.

Saímos do carro, rumando em direção a casa. O senhor parece notar nossa presença, vindo rapidamente em nossa direção.

— Jennifer Jareau? — pergunta ele olhando para JJ.

— Sim, você deve ser Bill Grison — JJ aperta a mão do homem. Sua aparência era realmente de um senhor, suas rugas e costas curvadas estavam ali para relembrar sua tardia idade.

— Will não me disse que a esposa dele era tão encantadora — o homem move suas mãos, fazendo-me notar as pequenas tremidas nelas. Vejo JJ sorrir sem graça em direção a ele.

— Estes são: Alvez, Dr. Reid e Rodrigues — muda de assunto. Luke aperta a mão do homem e Reid prefere um aceno de longe. Quando vou apertar sua mão, o senhor a leva até sua boca e deixa um beijo sobre as costas dela. Talvez ele não estivesse tão aposentado da vida de querer uma mulher.

Leave Me Lonely  •  Criminal Minds (Reescrevendo)Onde histórias criam vida. Descubra agora