Capítulo XXV - Rotina

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Dialogar é cruzar mundos, penetrar na intimidade, segredar experiências. - Augusto Cury

Felizmente, minha melhora estava mais que iminente. Precisava apenas me recuperar totalmente da costela e que os hematomas sumissem, o que segundo Spencer levaria mais ou menos duas semanas. Pensando com os meus botões, a semana foi para lá de agitada. Em pouco mais de uma semana estou, praticamente, morando com Spencer.

- Que doideira - murmuro, sozinha, caminhando para sentar no sofá da sala. Reid havia saído, enquanto ainda dormia, para trabalhar, e graças a Garcia, não estava tão sozinha já que a loira havia trago Tom para meus cuidados. O gato, apesar de estranhar o ambiente de inicio, agora parecia ser o dono do apartamento.

Recosto-me no sofá e observo a sala com atenção, Spencer tem muitos livros e isso é inegável, o pior é que com certeza ele lembrava de cada palavrinha ali. Assustador. Precisava perguntar se as vezes ele não ficava doidinho com tudo isso, eu ficaria. Também preciso perguntar se ele sabe que tem espasmos dormindo, era engraçado. Preciso também parar de pensar, o que é inevitável já que não aguento mais me recuperar. Acho que a medicina poderia avançar o suficiente para inventar o remédio dos remédios, mas com certeza talvez nunca chegasse os reles mortais como eu. Luke me chamaria de progressista se estivesse aqui.

Sinto Tom pular em meu colo e me cabecear, pedindo carinho. Enfio minha mão entre seus pelos brancos e o afago, logo o gato está jogado em meu colo e dormindo. Não devia ter feito isso, agora nunca mais me levanto do sofá, afinal apenas se não tivesse coração seria capaz de acordar a criaturinha peluda em meu colo. Minhas opções são continuar pensando ou fazer algo com o telefone sobre a mesa a minha frente. Olho para o gato, que tapava fofamente seu rostinho com a pata e olho para o celular, me curvo, tomando cuidado para não amassar o bichano, e pego o telefone, colocando na câmera. Tiro quantas fotos posso, quando satisfeita, brinco com a tela inicial do aparelho. Entediante. Abro meus contatos, vendo o nome de todos da equipe ali, eles provavelmente estavam ocupados e vendo as piores fotos possíveis das vítimas do caso novo. Torço a boca, entro na galeria, seleciono uma das fotos onde Tom dormia e mando para cada um. Um serzinho inocente faria bem a eles em momentos tensos, principalmente para minha técnica favorita. Jogo minha cabeça no encosto do sofá e fecho os olhos, já que dormir é o que me resta, pelo menos enquanto alguém estiver dormindo.

Caminho até a porta do apartamento, notando que a mesma não estava trancada apenas encostada. Levo minha mão a cintura, tateando em busca da arma, não consigo encontrá-la. Espio pelo pequeno vão, mas vejo apenas escuridão lá dentro. Olho ao redor do corredor, pensando em pedir ajuda de Garcia, no entanto agora o corredor parece tão escuro que vejo apenas a porta em minha frente. Tateo e seguro na maçaneta, tomando coragem e entrando dentro do local. Busco o interruptor e acendo a luz, olhando ao redor e sentindo um cheiro de queimado tomar conta de meu olfato. Corro para cozinha, algo em meu instinto me diz para desligar o microondas da tomada e o faço, paraliso em frente a ele notando o ambiente escuro novamente, como se as luzes todas tivessem apagado e a única fonte se tornasse a pequena luz que começava a surgir dentro do eletrodoméstico. Quando menos espero, um clarão surge e escuto uma explosão, fecho meus olhos e escuto um som familiar.

Abro os olhos, assustada, buscando o dono do som que havia acabado de me acordar de um sonho estranho. Meio perdida, tateio o sofá, sentindo meu pescoço doer pela posição em que havia dormindo. Consigo encontrar o celular, tocando, entre as almofadas do sofá. Atendo o aparelho, ainda confusa.

- Alô? - falo, levando as mãos aos olhos e bocejando.

- Te acordei? - pergunta Reid, confuso.

- Sim, é a única coisa que posso fazer...- reclamo. Ouvindo uma risada nasal do outro lado da linha

Leave Me Lonely  •  Criminal Minds (Reescrevendo)Onde histórias criam vida. Descubra agora