Capítulo XXIII - Coelhos

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Situações inusitadas pedem medidas inesperadas - Autor desconhecido

Termino de ajeitar o pano sobre o sofá, afofo o travesseiro e encaro a cama improvisada sobre ele. Talvez necessitasse de uma casa com pelo menos mais um quarto, já que teria outras pessoas além de mim. Algo a se pensar.

- Senhora...- escuto uma voz baixinha me chamar. Viro meu rosto em direção ao som, vendo a pequena mulher com a postura assustada e retraída. Respiro fundo.

- Você não precisa me chamar de senhora, Lili...Precisa de algo? - pergunto, compreensiva. Sua história era triste.

- Eu posso dormir no sofá, sem problemas - exclama, baixo. Cruza seus braços sobre o peito e se auto acaricia, sua cabeça se mantinha baixa.

- Claro que não, durma na cama, Lili. Por favor...- peço, frisando ao dizer seu nome. Lili tinha passado por poucas e boas (muitas e ruins, sendo literal). Sorrio fraco e escuto meu celular tocar - Fique a vontade, ok? Amanhã é um novo dia - falo, me aproximo e afago o ombro da garota, ela sorri fraco em resposta. Resolvo ir à caça do meu celular, a fim de deixar a garota mais tranquila. Entro corredor adentro e escuto o som vir do banheiro, encontro o aparelho sobre o móvel da pia. Atendo, nem lendo o nome sobre a tela.

- Alo? - digo, apagando a luz do banheiro e fechando a porta.

- Hey - diz, uma voz levemente rouca, do outro lado da linha. Reconheço de imediato.

- Ah que devo a ligação do meu doutor favorito? - sorrio, mesmo sabendo que o mesmo não veria.

- Você tem outros doutores? - pergunta, rio nasal e me apoio na parede do corredor.

- Você está me saindo mais ciumento do que imaginei, quer me contar alguma coisa? Tipo, sobre...não sei - implico com ele, ouvindo uma respiradinha em resposta.

- Está tentando me analisar? - pergunta, divertido.

- Jamais faria isso, senhor não olhe para ela - ironizo, sorrindo de lado.

- Eu nunca fiz isso...- fala, exaltado. Rio.

- Mas tenho certeza que pensou, ai ai...esses rostos angelicais que escondem os homens mais possessivos do planeta...- murmuro.

- Ei...- exclama, parecendo ofendido. Mordo o lábio e nego com a cabeça.

- Sim, mestre...- prometo que é a última.

- Helena...- murmura, risonho.

- Desculpa - digo, rindo.

- Eu estava aqui lendo e tive uma dúvida...- diz. Franzo o cenho e consigo ouvir algo sendo fechado no outro lado da linha.

- Não me diga que você está me traindo novamente? - cerro os olhos. Risadinha. É, ele está.

- ...aquelas tatuagens...- inicia, fugindo da minha questão.

- Que tatuagens? - pergunto, confusa.

- As cobras nas suas coxas - fala, baixinho. Arregalo os olhos e olho para minhas próprias pernas.

- Nossa, eu nem lembrava, você acredita? - comento, boba.

- São lindas...- comenta.

- As tatuagens ou as minhas pernas? - observo ao redor.

- Ambos - fala. Sorrio e abaixo a cabeça - Tem algum significado? - questiona, curioso.

- Doideiras de uma adulta a fim de tatuar pela primeira vez - respondo -...e porque não tatuar cobras? - murmuro, encobrindo o significado que atrelava a elas .

Leave Me Lonely  •  Criminal Minds (Reescrevendo)Onde histórias criam vida. Descubra agora