Capítulo XXIV - Hospital

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Nem o sol nem a morte se podem olhar fixamente. - François La Rochefoucauld

Quatro dias. Quatro chatos e longos dias enfiada no hospital por uma contusãozinha no pulmão! Quase tinha me matado? Talvez, se levar em consideração a suposta experiência pós morte que tive ou seria pré? Entretanto, não tenho como negar e nem meu corpo que foi um evento doloroso, alguns hematomas estavam mais que visíveis agora, mas isso é o de menos já que ficar em observação é de longe uma das coisas mais entediantes que aconteceu na minha vida. Bufo forte, me arrependo de leve ao sentir minha costela latejar. Chato.

- Cadê aquele sorriso lindo? - pergunta Spencer, se espreguiçando na poltrona. Outra coisa, Reid não havia saído do meu lado desde que acordei e estava meio protetor, o que acharia incrível numa situação normal, mas estava sendo insuportável. Estou, praticamente, presa a uma cama de hospital, o que pode dar errado? Nada. Além do que estava nítido o cansaço no rosto do mesmo, mas sua teimosia atrelada a minha me fazia começar a cogitar uma loucura.

- No meu...- murmuro baixo, pronta para soltar um palavrão qualquer.

- Ei...- repreendeu-me, arregalando seus olhos e parecendo surpreso com meu mau humor. Reviro os olhos, mas sorrio com sua carinha assustada.

- Eu quero ir embora...- lamento-me, como uma criança birrenta. Talvez eu seja um pouco.

- Talvez o médico te libere hoje...- se ergue e inclina sua cabeça, me fitando. Pelo contrário do esperado, ergo meu lábio superior e faço cara de tédio.

- Talvez...- exclamo, mal-humorada. Spencer caminha e para ao lado da maca, sorri baixo e cerra seus olhos.

- Você está de mau humor, quer que conte alguma...- interrompo-o

- Se você, citar, pensar ou imaginar que está contando alguma piada sobre matemática avançada nas próximas cinco horas, eu juro que cometo uma atrocidade - ergo meu braço e apontou o indicador em sua direção, vendo alguns hematomas em tons arroxeados sobre minha pele. Cerro os olhos e ele ergue suas mãos, sorrindo divertido. Tento manter uma expressão séria no rosto, para parecer ameaçadora ou algo do tipo, mas sou facilmente rendida por seu sorriso e acabo por sorrir também.

- O que é matemática avançada? - se faz de desentendido, segurando minha mão e piscando os olhos de forma forte. Movo minha cabeça em confirmação, achando sua reação ótima.

- Agora me dá um beijo e eu perdôo todas as teorias e piadas com física que você contou nos últimos dias - ofereço, acariciando sua mão.

- Por que eu pediria perdão por isso? Foram ótimas - exclama, óbvio, franzindo o cenho e inclinando a cabeça. Comprimo meus lábios e solto de forma barulhenta.

- Algumas eu tenho que admitir que não foram tão ruins - dou de ombros, concordando com a cabeça.

- E tem muitas outras...- arregalo meus olhos, por acaso existe algum tipo de livro de piadas para pessoas inteligentes e ninguém me falou? -...que terei o prazer de contar enquanto estiver no meu apartamento para sua recuperação, Rodrigues - continua, informando-me algo novo. Franzo o cenho, sentindo meu olho inchado doer.

- Que? - solto, surpresa.

- Por mais que tenhamos prendido quem fez isso com você, ainda achamos que não é seguro você continuar no seu apartamento - esclarece, sério. Fito seus olhos, buscando algum tipo de brincadeira, mas não encontro.

- Achamos? Quem não acha? - pergunto, desconfiada.

- Penélope e eu - responde, deixo uma risada nasal sair. Óbvio, só podia ser os dois paranóicos, quem mais seria?

Leave Me Lonely  •  Criminal Minds (Reescrevendo)Onde histórias criam vida. Descubra agora