21. Halloween

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'O cão não ladra por valentia e sim por medo. ''  Provérbio Chinês


— Alves, qual o problema de falar sobre Nietzsche? — cruzo os braços sobre o peito e troco o peso da perna, quase me sentando sobre minha mesa.

Eu adoro incomodar Luke com alguma discussão filosófica aleatória.

— Debates filosóficos com você nunca dão certo, Rodrigues — comenta. Ergo uma das sobrancelhas e pisco rápido.

— Dá certo sim, qual é? — não dá não.

— Da última vez, eu pensei que você fosse me bater — resmunga, cruzando seus braços também.

— Nunca disse isso, talvez tenha pensado...— murmuro e olho para o horizonte. O vejo negar com a cabeça e olhar para trás de mim. Franzo o cenho, desviando a atenção de si e viro o rosto para trás, tomando um susto pela figura próxima ao meu ombro. Salto para frente, me afastando com os olhos completamente arregalados.

Pai do céu.

— Caral...— solto, me interrompendo em seguida. Avalio a, nada, amigável máscara de palhaço, observando o dono em seguida, que pela bolsa marrom e terno identifico como Spencer.

Respiro fundo, levando minha mão ao meu coração acelerado.

Eu gosto quando essa gracinha acelera meu coração de outras maneiras, não me assustando.

— Eu vi medo nos seus olhos? — Luke se aproxima, zombeteiro. Reviro os olhos e tento estabilizar meu coração.

— Palhaços são amedrontadores, ok? — levo a mão ao peito, ofendida— O que você faz com essa máscara, Reid? É Halloween ou algo do tipo?

— Medo de palhaços? Não acredito — Luke bate seu ombro no meu, continuando a testar minha paciência, que para ele é praticamente nula

— Você sabia que a probabilidade deles guardarem uma faca naquelas perucas são enormes? — nem deve ter um dado concreto sobre isso — Reid? — questiono, estranhando o silêncio do mesmo.

Vejo seu braço se mover, chegando em minha orelha e tirando algo dali. Confesso que quase afasto minha cabeça de seu toque, eu realmente não gosto de palhaços.

Franzo o cenho ao vê-lo com um pirulito na mão.

— Essa é sua técnica de conquistar garotas, senhor palhaço mágico? — coloco minha mão sobre a sua — Minha mãe sempre me disse para não aceitar doce de estranhos mascarados — argumento, na intenção que ele tire aquela coisa horrível de si. Por fim, ele tira a máscara e sorri para mim.

— Coulrofobia? — pergunta, arrumando o cabelo com a mão. Pego o pirulito e nego com a cabeça.

— Não é fobia, é apenas noção de não confiar que alguém com maquiagem branca e um sorriso vermelho não vai ter uma hipotética psicose assassina — isso é óbvio. Desembrulho o doce.

— Imagino que você conheça o caso de John Wayne Gacy, o famoso palhaço assassino...— tilinta seus dedos.

Seus dedos. Seus obscenos dedos na minha frente. Mordo o lábio e tento calar minha mente promíscua.

Trabalho!

— Eu não sou paranoica a toa — lanço uma piscadela e coloco o pirulito na boca, o fitando da forma mais libidinosa que posso. O vejo prender os lábios e negar com a cabeça, desaprovando.

Trabalho, Helena!

— Temos um caso — surge a voz de Emilly no ambiente, salto de susto para frente e nego com a cabeça. Isso não teria acontecido se não tivesse visto um palhaço assustador a essas horas. Ou se não estivesse sendo uma safada para Spencer e com medo de ser pega.

Leave Me Lonely  •  Criminal Minds (Reescrevendo)Onde histórias criam vida. Descubra agora