Capítulo XXX - Justiceira

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Se eu soubesse que ia durar tanto tempo, tinha tido mais cuidado comigo. - George Burn

É possível estar perdida quando nem mesmo você tenha achado antes uma direção certa para andar? Quando foi que todos os caminhos se tornaram perigosos e assustadores? Quando foi que os demônios e monstros se tornaram tão reais? Quando foi que os maiores medos passaram a ser reflexo do nosso cerne? Qual foi o momento onde os contos de fadas passaram a ser um conto de terror? E quando foi o exato instante que amar começou a doer? Talvez eu esteja apenas sendo dramática, olhando para as exatas 37 mensagens e 14 ligações que havia feito para o telefone de Reid nas últimas duas semanas, ele pode ter deixado o telefone no modo avião, certo?

(...)

''...os agentes do FBI acabaram de chegar ao local. Os moradores da comunidade apresentam um certo descontentamento com a visita, já que as vítimas teriam cometido diversos crimes e pela falta de punição, saíram impunes, os moradores já consideram o procurado como um herói ou justiceiro. Eu sou....''

Desvio minha atenção da reportagem, vendo nossos amigos retornando do seu trabalho de campo. Impressionantemente, ficamos apenas Tara e eu demarcando a área geográfica dos assassinatos. A vontade de bater a cabeça na parede é grande, mas a cada dia mais a vontade é de bater a cabeça de Reid na parede, deixando de fazer o seu trabalho por minha causa?

- Se não é o SSC Luke Alves do FBI - comenta Tara, implicando com ele. Luke sorri torto e franze o cenho, confuso. A mesma, apenas sorri para mim e vira para ele - Você é igualzinho na TV e pessoalmente...- ele sorri, esperando uma continuação -...feio!- completa, me fazendo cobrir a boca com uma das pastas para não rir. Luke sofre.

- Vocês conseguiram alguma coisa com os locais? - pergunta Prentiss, tentando se manter séria. Negamos com a cabeça, observando todos sentarem- Só o que conseguimos foram pessoas comemorando o ato de justiça- informa, colocando seu caderno de anotações na mesa e soltando uma lufada de ar.

- Compreensível e...- comento, sendo interrompida.

- Compreensível, pois fazer justiça com as próprias mãos é a melhor forma de lidar com situações de indignação pessoal? - fala Reid, áspero? Franzo o cenho, encarando sua expressão irritada.

- Não...compreensível e esperado, considerando a situação extremos na política que enfrentamos, o aumento de denúncias por violência policial, o aumento de pobreza e o bairro em que as vítimas foram encontradas, que cerca de 53% é composta por ex-presidiários com grande taxa de re-encarceramento, além de algumas outras coisa, Doutor Reid - exclamo, com estranheza a sua interrupção abrupta.

- Ela está certa, é comum vermos ''justiceiros'' em bairros mais pobres por conta da descrença na lei - Luke concorda, enquanto os outros fazem o mesmo. Continuo olhando fixa para Spencer. A constatação que fiz era óbvia, não havia motivo para ele- que trabalha a mais de dez anos com FBI- falar algo tão burro, obviamente se não fosse apenas para me dizer algo ou atingir.

(...)

- Olha...- inicia JJ, após alguns minutos em silêncio parecendo calcular qual seria sua iniciativa para perguntar algo. Será que eles pensam que eu também não estou a todo tempo lendo cada passo que eles dão?

- Sim, Reid e eu estamos estranhos. Não, não sei o motivo ou talvez eu esteja compreendendo depois da indireta que ele deu - respondo, adivinhando suas perguntas. JJ entorta a boca e se coloca ao meu lado, se apoiando no armário atrás de mim.

Leave Me Lonely  •  Criminal Minds (Reescrevendo)Onde histórias criam vida. Descubra agora