Capítulo XXXI - Deslocada

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O passado e o futuro parecem-nos sempre melhores; o presente, sempre pior. - William Shakespeare

Caminho até a porta do apartamento, notando que a mesma não estava trancada apenas encostada. Levo minha mão à cintura, tateando em busca da arma, não consigo encontrá-la. Espio pelo pequeno vão, mas vejo apenas escuridão lá dentro. Olho ao redor do corredor, pensando em pedir ajuda de Garcia, no entanto agora o corredor parece tão escuro que vejo apenas a porta em minha frente. Tateo e seguro na maçaneta, tomando coragem e entrando dentro do local. Busco o interruptor e acendo a luz, olhando ao redor e sentindo um cheiro de queimado tomar conta de meu olfato. Corro para cozinha, algo em meu instinto me diz para desligar o microondas da tomada e o faço, paraliso em frente a ele notando o ambiente escuro novamente, como se as luzes todas tivessem apagado e a única fonte se tornasse a pequena luz que começava a surgir dentro do eletrodoméstico. Quando menos espero, um clarão surge e escuto uma explosão, fecho meus olhos e tento me proteger com o minhas mãos.

- Abra os olhos - escuto uma voz dizer, pisco e vejo uma luz branca arder em meus olhos - Toma isso - fala, o homem de avental branco, me estendendo uma arma e me ajudando a levantar de uma maca. Avalio minhas roupas, notando estar em um uniforme do exército - Siga ele - aponta para uma criatura no chão, parecia meu gato. Como se meu corpo tivesse controle automático, sigo o felino por um extenso corredor branco, quando viro para olhar o dono da voz de antes o lugar ao meu redor muda completamente.

- Cuidado - escuto alguém gritar e novamente uma grande explosão estoura em meus ouvidos. Fecho os olhos e seguro forte na arma em minhas mãos, me sentindo rastejar sobre o chão e em algo gosmento. Abro, vendo corpos jogados e escutando tiros ao longe, gritos me chamam atenção. Corro a eles, ignorando a grande guerra que parecia acontecer ao redor, minhas mãos se movem sozinhas e atiram nos carros dos rebeldes, explodindo-os. Meus passos me aproximam de uma cabana e vejo um rastro de sangue sobre a terra, algo me desespera e entro sem exitar.

- Nossa convidada chegou - diz a mulher, segurando uma faca próximo ao pescoço de Reid. Dou alguns passos para trás, confusa.

- O que vocês fazem aqui? Eles estão invadindo - escuto minha voz dizer.

- Tola - afirma Adams, cortando a garganta de Spencer e fazendo o mesmo com a sua. Arregalo meus olhos e tento gritar, corro em direção ao mesmo e coloco minhas mãos sobre sua garganta, tentando estancar o sangramento.

- Spencer, tudo vai ficar bem - minha voz sussurra, enquanto minhas mãos parecem banhadas de sangue, descomunalmente.

- É sua culpa - fala, cuspindo sangue. Olho em seus olhos, vendo meu reflexo refletido e a cor do mesmo ir mudando.

- Desculpa - falo, chorosa. Sua figura muda, seus olhos não são mais os mesmos assim como sua face. Sinto uma mão em meu cabelo, puxando e causando dor

- É sua culpa, vadia - diz Drake, me jogando no chão e segurando uma faca em suas mãos. Arrasto meu corpo para perto da pia e me encolho, tentando estancar meu sangramento com minhas mãos - Sua mentirosa, por que você não volta para casa? - diz a voz, se tornando suave. Pisco os olhos, vendo minha mãe na minha frente. Me levanto do chão, percebendo que estava de terno e sem nenhum machucado.

- Mãe? - minha voz soa pelo ambiente, a equipe me olha confusa e com nojo. Vejo minha foto na tela e palavras sobre o quadro, meu perfil.

- Mãe? Alguém como você não merece ter mãe! - escuto Alves dizer. Suas palavras me atingem, assim como a dos outros que começam a repetir a mesma frase em minha direção. Fecho os olhos com força, os abrindo novamente ao ouvir o som da campainha.

Leave Me Lonely  •  Criminal Minds (Reescrevendo)Onde histórias criam vida. Descubra agora