Capítulo XIII_Uma vida inteira

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Acredito, que seja melhor explicar desde já, quem é Dayla.

A primeira vez que a vi, tinha 4 anos e 11 meses, foi um dia importante pra mim, acabara de entrar na melhor escola do reino, não é sempre que um órfão de outro reino consegue uma bolsa dessas. Dayla corria pelos corredores, estava provavelmente atrasada para a aula. Duas crianças distintas, de turmas e aptidões diferentes, não tínhamos o menor contato naquela época.

Pouco mais de dois anos e meio depois, minha baixa reputação, minha incursão na turma de alunos mais velhos, aparência distinta e o fato de morar na escola, me proporcionou uma série de agressões, tanto verbais quanto físicas.
Eu nunca revidava, por não ter muita força física. A única coisa que poderia fazer era usar de magia pra me defender, o que era proibido na escola, e quando se é um órfão que mora nessa instituição, e não tem pra onde ir, a escolha mais sensata a se fazer é, não quebrar as regras.
Foi em um desses momentos que ela apareceu, partindo pra cima das outras crianças, a briga ficou cinco contra uma, três delas eram maiores e mais velhas, mas não parecia significar coisa alguma, Dayla derrubou todas elas com facilidade. Levantaram as pressas, e cambaleando correram para fora dos pátios da escola, eles ainda berraram "corram! É a garota amaldiçoada!".

O boato era que, ela avia sido amaldiçoada com a força das bestas do abismo, por isso ninguém poderia derrotá-la, transformando a num ser invencível. É não eram só as crianças que acreditavam nisso, de pais a professores. Então por sua vez, ela olhou pra mim e perguntou.

- E você, não vai falar nada?

- Desculpe meus modos, muito obrigado pela ajuda - disse enquanto me curvava.

- Isso não foi nada, mas... Eu não estava falando disso, você não tem medo de mim?

- Não, por quê deveria?

- Bom... Eu, sou amaldiçoada... eu acho... isso não assusta você?

- Você ser ou não amaldiçoada, não me afeta em nada, então pôr que deveria me incomodar?

Ela arregalou os olhos amarelos, que chegavam a brilhar, talvez porque estivessem um tanto alagados, e segurando minhas mãos ela disse.

- Você é um ser divino?

- O quê? Claro que não - acredito ter ficado bem envergonhado, pude sentir meu rosto queimando - O meu nome é Dilorren, muito prazer.

- O meu é Dayla, mas pode me chamar de Day - ela dizia enquanto esfregava os olhos e sorria - vamos ser amigos certo?

- Amigos? Você tem certeza? Não é muito comum, o que faço com isso?

Ela gargalhou e disse

- Você é engraçado... Bom amizade é, quando duas pessoas conversam, fazem companhia e se ajudam sempre que precisam.

- Entendo, é um sistema de cooperação... diga-me, o que te aflige mais?

- Um pouco estranho, mas tá bom né... Respondendo sua pergunta, essa história de maldição, eu nunca soube se é real ou não...

- Ótimo, eu posso descobrir isso pra você

- Tá falando sério?

Crónica Dos Magos: Relíquia Dos MortosOnde histórias criam vida. Descubra agora