capítulo XII_ Truculento reencontro

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Ao retorna do banheiro, para minha surpresa, me deparo com uma figura tragicamente familiar sentada à mesa com Dayla. E isso era, com certeza, um terrível cenário, o fim de algo que não queria que acabasse tão cedo. Mas já é muito tarde, parece que meu jovem perseguidor, Deufir, encontrou a única pessoa que pode lhe dar respostas sobre mim.

Pensei em ir embora, e depois me explicar, mas ela jamais me perdoaria, e não posso me dar ao luxo de perder amigos, eles servem para emprestar a força que lhe falta, seja ela intelectual, emocional ou física. E ela me fornece os dois últimos, e em troca eu ofereço a primeira. Por ser a minha única amiga, não tenho muita escolha, seria difícil convencer um estranho que me emprestasse sua força para qualquer motivo. Ir embora não era mais uma solução viável.

Eu me aproximo da mesa, e Dayla acena para mim, sorrindo, o jovem olha em minha direção, e não sei bem que tipo de expressão ele faz, dúvida, indignação ou raiva incontrolável talvez um pouco de tudo. Agora os próximos segundos serão uma incerteza, acredito que devo tomar a iniciativa desse diálogo que promete ser tão pouco amistoso.

- Olhe só, parece que conseguiu, você finalmente me encontrou garoto - dou um sorriso que sei que vai incomodá-lo, e contínuo - agora diga-me, quanto... Quanto o senhor gastou em minha procura?

- Seu desgraçado! - ele se levantou bruscamente e fez a cadeira cambalear - Sabia que eu o estava procurando e não disse nada, e o quanto eu perdi?..  isso não importa, por uma grande sorte eu encontrei essa senhorita - fez uma indicação a Dayla com uma das mãos.

- Você tem mesmo muita sorte garoto, e por isso que está amaldiçoado, e desesperado por ajuda... Com certeza a sorte está ao seu favor.

- Para, espera aí, - interrompeu Dayla enquanto colocava as mãos sobre nossos ombros e nos forçando a sentar nas cadeiras - É muito bom saber que os dois já se conhecem, mas poderiam fazer menos escândalo, estão chamando muita atenção, e não é do tipo boa.

Respirei fundo, e retomei a postura, já o jovem Deufir estava bufando e encarando a mim. Ficou um bom tempo em silêncio, e para por um fim Dayla exclamou.

- Céus, onde estão meus modos?! Diga gracinha, o que vai querer?

- Como assim o que vou querer? - perguntou o garoto, mudando sua expressão para confuso - só me sobraram uns trocados e...

- Não se preocupe com isso, eu pago pra você. - ela falou e sorriu inclinando a cabeça para direita.

- Mesmo! - exclamou o garoto de forma bem empolgada, nem parecia que estava furioso a poucos instantes.

- Surpreendente, levando em conta que me fez pagar seu almoço. 

- E é exatamente por isso que vou pagar o dele. - ela deu um largo sorriso.

O garoto pediu o prato vegetariano, parece que ele não come carne, deve ser pelo fato de ser um necromante, talvez por falar com as almas dos mortos se sinta mal comendo os corpos vazios.

O pedido finalmente chegou, para interromper o terrível clima que pairava sobre a mesa.

Crónica Dos Magos: Relíquia Dos MortosOnde histórias criam vida. Descubra agora