capítulo VI _ Interesses

84 9 69
                                    

Estou um tanto, dividido. Mas a minha curiosidade é mais forte que eu, acho que vou fazer uma besteira, das grandes.

Primeiramente, não posso deixar que os guardas me vejam conversando com o prisioneiro. Iria levantar uma grande questão sobre isso. Segundo, se por um milagre os guardas não questionarem minha presença, se o cara falar que eu o escondi na casa, aí vou ter um problema dos grandes. E em terceiro, se ele estiver envolvido em um caso grande, eu não vou conseguir chegar nem perto. Daí, não terei como saber o que ele viu tão abaixo do castelo prateado. E eu, definitivamente, preciso saber.

Existem dois ditados relacionados a minha situação. "A curiosidade, é a arma, da qual poucos conseguem escapar." e " É sempre melhor escolher a sabedoria do que a ignorância, porque sempre se pode fazer algo com ela." Pra resumir, são contraditórios. Porém, eu me apego mais ao segundo.

Vou ter de bolar um plano insano, e não só para me comunicar com ele, e sim tirá-lo de lá. O que é, basicamente, um suicídio social se alguém descobrir. E isso, é algo que quero evitar.

O truque de invisibilidade, não me é muito útil nessa situação. Se eu abri a sela, qualquer um iria perceber logo de cara, e trancariam o lugar em questão de segundos. Tirando o fato de, ter outro indivíduo, em quem eu teria de usar o truque, e assim eu não poderia ficar de olho nele.

Agora, pensando melhor, acho que tenho a solução. O meu vasto conhecimento em herbomagia, me deu uma luz. Ervas do sono, quando queimadas liberam um gás sonífero, que tem um efeito completo em quinze segundos, e dura de uma hora a uma hora e meia. Com todos dormindo, posso facilmente entrar e sair. O único problema que vou ter de resolver, é o celo que tranca a cela e impede o prisioneiro de usar magia. Mas, isso não é tão difícil, quando se está do lado de fora, claro. No final das contas, esse vai ser o único momento, em que, terei que usar magia de verdade, até porque, os selos não podem ser cortados. Se tentar cortar algum selo, ele lançará a todas as direções, raios fortes o suficiente, capazes de incapacitar qualquer um que esteja por perto.

Sorte minha, saber de tanta coisa sobre feitiços de proteção. Afinal, tenho muitos livros do assunto, seria um desperdício não aproveitar tanta informação.

Quase esqueci, o que é que eu vou fazer, depois de tirá-lo de lá? Até porque, foi eu quem o colocou nessa situação. Como posso questiona-lo sobre o que viu no castelo prateado? Isto está ficando cada vez mais complicado, existem muitas variáveis. Eu tenho de diminuir os meus riscos, é preciso ter algo que ele queira, ou necessite. Assim, terei alguma barganha. Mas, ainda não sei o que pode ser.

Céus, acabo de ter uma epifania. Aqui em Carsis, temos um sistema de segurança, por assim dizer, que são bombas de fumaça, da cor verde, amarelo e laranja. Cada cor tem seu significado, além de combinar com a bandeira. O verde, a cor de base da bandeira, significa que há feridos precisando de ajuda, o amarelo, uma das cores da flor que fica ao centro da bandeira, que significa acidentes, como incêndios, alagamentos, deslizamentos ou coisa do tipo, e o laranja, a segunda cor da flor, significa crime ou atividade suspeita. Posso usar disso pra chantagem. Afinal, duvido que ele vai querer voltar pra cela.

Agora, o meu plano está completamente formado, e só falta esperar no anoitecer, até às ruas ficarem completamente vazias, como se o planeta dormisse.

Crónica Dos Magos: Relíquia Dos MortosOnde histórias criam vida. Descubra agora