capitulo VIII_Fuga furtiva

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Mas que droga, o feitiço vai acabar em alguns instantes e os guardas devem estar bem próximos, pela hora. Se eu deixá-lo aqui, meus esforços terão sido em vão. E se eu levá-lo comigo, as consequências podem ser catastróficas, até porque, eu pretendia deixá-lo aqui. Meu plano tinha três bifurcações, só que nenhuma delas eu cogitei a ideia de levá-lo comigo. Isso parece um pesadelo... Tudo bem, eu só tenho que respirar fundo, assim eu posso resolver as coisas.

Quer saber, eu tive muito trabalho pra sair daqui de mãos vazias, deixá-lo aqui, seria contraproducente.

Se eu colocá-lo na carroça, e usar o encanto fantasma, talvez seja suficiente para despistar os guardas. Só tem um porém, não sei quanto tempo a carroça pode ficar invisível. Se eu fizer o feitiço muito cedo, ou se não durar o bastante, podemos reaparecer bem na frente dos guardas, o que seria uma catástrofe. Céus!.. Espera, é isso, pelos céus. Eu posso usar o "flutue pluf", o encanto para fazer voar objetos inanimados, os testes feitos com animais foi um fracasso. Só digamos que, causou muitas hemorragias, porém, eu conheço os truques certos, e minha carroça já está "equipada".

Eu coloquei o meu montugo dentro da carroça, fiz com que ele se abaixasse e prendi duas fivelas de couro nas quatro argolas presas ao chão, uma pouco atrás das patas dianteiras e a outra pouco antes das traseiras. Não pude deixar de reparar a expressão de confuso de meu inquilino indesejado.

- Entre, e segure-se.- Falei enquanto jogava uma corda.

Ele pegou a corda e entrou, enquanto isso eu prendia os arreios. Agora o meu tempo está quase no fim, e eu preciso correr. Então eu entrei, peguei uma fivela de couro, prendi em torno da minha cintura e as prendi bem em duas argolas, uma de cada lado do corpo. O jovem Caldeufir, simplesmente repetiu meus passos só que com uma corda ao invés de fivela. Eu me posicionei de bruços, pus as mãos sobre o chão, e começo a conjurar o encanto.

- Flutue, pluf, sobre as nuvens, sob o Sol, flutue, pluf, sobre a terra e o mar, o que digo o guiará... Flutue, pluf, sobre as nuvens, sob o Sol, flutue, pluf, sobre a terra e o mar, o que digo o guiará... Flutue, pluf, sobre as nuvens, sob o Sol, flutue, pluf, sobre a terra e o mar, o que digo o guiará... - olho rapidamente para minha bússola que uso pendurada no pulso esquerdo - para o alto e a Leste.

Dito isto a carroça subiu tão rápido, quase como o som, em uma fração de segundos já estávamos acima das nuvens. Eu me soltei o mais depressa possível, e puxei a alavanca localizada no topo e ao centro da parte interior da carroça. A alavanca seve para abrir os planadores, que eu instalei para ocasiões de emergência. A carroça começou a seguir a direção Leste, em uma velocidade média de uns 45 km/h, já dá pra se ter a certeza de que nenhum guarda vai nos localizar. O meu pobre animal ainda se assusta quando voamos, não importa quantas vezes tenha feito isso. O nosso convidado parece um tanto impressionado, ele observa com um olhar abismado para o solo e a parte exterior da carroça, e se dispõem a falar.

- Me diz uma coisa. Eles vendem carroças com asas embutida, pra esse tipo de esporte? Ou isso não é uma coisa muito popular?

- Mas é claro que não. - eu levo a mão a cabeça e acerto meu cabelo. - e isso não é um esporte, é um método de transporte muito particular, poucos sabem como usar, e muito já morreram tentando.

- Quer dizer que, foi você quem aprimorou?

- é...

- Engenhoso... E você estava bem preparado, todas as suas poções parecem bem presas. - disse olhando para as prateleiras bem organizadas e seguras, com cada poção presa em elástico, e atrás de um campo de força. - Você deve fazer muito isso.

Eu não sei o porquê, mas esse cara me tira do sério. A propósito, quase me esqueci, as pessoas que morreram ao tentar voar, em sua maioria foi por conta do impacto do feitiço, a velocidade é imensa, e isso os fizeram ter muitas hemorragias internas e várias fraturas, a maioria das pessoas morreram antes mesmo de chegar ao chão. E segundo, eles sabiam fazer voar mas não podiam se manter no ar, e logo caiam, no caso os que conseguiam sobreviver a subida não resistiram a queda, e os poucos que resistiram ficaram gravemente feridos. Com uma taxa de mortos de 87% e feridos de 13%. Por conta dos números espantósos poucos se arriscam. Agora chega de perder tempo, é hora de cobrar a outra parte do acordo.

- Agora sem enrolação, e me diz logo o que aconteceu, e a relevância de um medalhão de necromante sobre a história. Já pude deduzir que, não é dos mais comuns.

- Tudo bem, eu prometi não foi.- ele respira fundo, e se senta no chão da carroça. - vou começar de onde você parou.

Crónica Dos Magos: Relíquia Dos MortosOnde histórias criam vida. Descubra agora