🧡 VOCÊ NÃO PODERÁ ESCAPAR DE MIM 💙

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Seu sangue pára quando ele ouve duas batidas em sua porta. Ele espera em silêncio, não está em condições de receber ninguém, também nem teria como explicar aquela cena. Três batidas são ouvidas novamente com insistência e depois mais três. Quem quer que esteja fazendo isso está prestes a deixá-lo louco e levar o prêmio total por sua raiva. Quando o som se repete, ele não consegue mais contá-los, são muitos.

- Podemos conversar? - Mal é um sussurro, mas ele sabe que é Tamura do outro lado, aprendeu rapidamente a distinguir a cadência de sua voz. O silêncio permanece imutável, até tenta respirar mais devagar para evitar qualquer tipo de barulho - por favor... eu posso explicar...

Parece carente e ansioso. Agora ele não só tem medo de ouvi-lo respirar, mas que ele também seja capaz de distinguir as batidas em seu peito. Pela primeira vez em muito tempo não tem um plano na cabeça, não sabe como agir, então apenas espera, olhando para si mesmo em cada um dos vidros quebrados que o refletem de todas as direções.

- Eu não vou embora até que você fale comigo - não pode acreditar que ele tenha a coragem de condicioná-lo. Aquele idiota realmente acha que tem o direito de fazer isso com ele?

A surpresa vai desaparecendo, dando lugar à raiva e ao desejo de vingança que invadem seu ser. Cerra os punhos, ignorando a dor das feridas em seus dedos que continuam a sangrar sem parar

- Você sabe que também é sua culpa, certo?

Seus olhos se arregalam, pasmado pelos absurdos que acabou de ouvir. Ele o odeia tanto, mais do que qualquer outra coisa no mundo, até mesmo mais do que Yu. É exatamente por isso que quer destruí-lo, agora com mais desejo do que antes. Sem estar muito consciente de si mesmo, seu corpo caminha até a porta e a abre escancaradamente, para encontrar a expressão perturbada do de cabelos azuis que o observa do outro lado da porta.

- Diga isso novamente e você está morto - Tamura acha que sua expressão irritada não pode ofuscar a beleza de seu rosto e, apesar do medo que está sentindo, fica feliz em vê-lo - Como pode ser culpa minha que você seja uma cadela imunda?

Ele sempre soube que o resto dos meninos pensam o mesmo dele, até usou isso muitas vezes para se gabar de seus talentos sexuais, é sua façanha pessoal. Mas o fato de ser precisamente ele quem pronuncia essas palavras o machuca e o envergonha. Ele cora com a verdade dessa afirmação e leva algum tempo para processar tudo corretamente.

- Você ia vir com ele para o seu quarto, certo? - se atreve a dizer desconfiado.

- Não te importa com quem eu venho aqui...

- E por que o que eu faço te incomoda? - avança um pouco, empurrando a porta.

- Quero que você saia - Yaguchi coloca sua mão no rosto de Tamura. Não suporta seu olhar, o azul dos seus olhos é mais profundo e avassalador, tanto que o faz estremecer.

- Não vou... - segura o pulso dele e sente o líquido pegajoso que agora também está em seus dedos e rosto - que porra é essa? - o agarra com mais força, para que o cobre não consiga escapar, como pretendia fazer. Ele olha ao redor e percebe os fragmentos de espelho que estão espalhados pelo chão - Você tem que ir para a enfermaria.

- Não me diga o que tenho que fazer e saia daqui - tenta se livrar de seu aperto, mas o idiota é mais forte que ele.

- Feio, pare de uma vez - sacode-o com força e com a outra mão o força a vê-lo, segurando um lado de seu rosto. O âmbar de seus olhos brilha com advertência, eles são como chamas de fogo tentando destruir tudo em seu caminho - eu não fiz, ok? - A respiração da criança está agitada, seu peito sobe e desce furiosamente. Quer acalmá-lo e trazê-lo ao normal. Ele gentilmente acaricia com o polegar e sente a tempestade diminuir por trás de seu olhar.

Bonito PesadeloOnde histórias criam vida. Descubra agora