A primeira vez que entrei no ensino médio, imediatamente odiei tudo. Não estava lá por um objetivo pessoal, tinha sido minha última opção. Eu só queria escapar da dor e da vergonha, especialmente aquela refletida nos olhos da minha mãe. Embora ela tivesse me pedido para voltar para casa, nós dois sabíamos como isso seria improvável. Era um paradoxo simples: ela disse isso por compromisso e eu fiquei calado por fraqueza, mas não podíamos nos enganar. Não mais.
Depois de muito tempo, finalmente tinha certeza do que eu era e do que isso significava. Para muitos, essa revelação vem com uma liberdade saudável, para mim era apenas um peso existencial. Quando a dúvida se dissipou, restaram apenas a solidão e o desgosto. Eu queria esquecer, e embora não estivesse conseguindo, pelo menos parte de mim estava entorpecida, então isso era melhor do que nada. Ou melhor do que antes. Ou o que seja. Já havia perdido a importância.
Todo o ano anterior pareceu uma montanha-russa, havia descoberto o prazer carnal, mas também a degradação, que estranhamente também me dava prazer. Pode ser nojento, é para a maioria das pessoas, mas encontrei um certo encanto nessas situações. É por isso que tive que fugir, estava amaldiçoado. Pelo menos naquela escola, encontrei um pequeno lugar para pertencer, onde não era tão estranho ou nojento quanto era lá fora.
No entanto, minha vida era chata, monótona e opressiva. Até que um dia, de uma das formas mais inesperadas que podem existir, vi um azul celeste que trazia consigo a calmaria que nunca havia experimentado. Seus olhos intensos eram ardentes e queimavam em cada parte do meu corpo em que pousavam. Diante de sua imagem, senti-me pequeno e frágil e... eu gostei. Tinha certeza de que, graças ao meu rosto inexpressivo, ninguém seria capaz de notar. Nem mesmo ele.
No começo era apenas curiosidade, pois me fazia sentir diferente e eu queria descobrir a razão por trás desse sentimento. Mas na primeira vez que transamos, nada parecia incomum, era quase rotina, embora o gosto dele na minha boca fosse mais agradável que o dos outros caras. Naquela época, eu mal conseguia fazer sexo oral nele por alguns minutos, pois os alunos do terceiro ano tinham o privilégio de possuí-lo antes, mas eu não podia continuar. Ficava enojado com a grande quantidade de fluidos que sujaram seu corpo. Então, no final daquela sessão de sexo decepcionante, eu pensei que a magia tinha desaparecido completamente.
Os dias foram passando, mal podia vê-lo nas reuniões do clube e de vez em quando nos corredores, mas nunca nos cumprimentávamos, éramos de mundos distintos, paralelos. Tudo isso me pareceu uma simples fantasia, como os oásis que aparecem no meio do deserto, aquele estranho e malévolo jogo da mente que acaba se dissolvendo em um punhado de areia. Desde então, sinto-me resignado a continuar com esse vazio cada vez mais profundo e difícil de ignorar.
***
As aulas eram exaustivas. Esforcei-me o suficiente porque também não queria me destacar, além disso, não fazia sentido fazer mais do que o necessário, com as notas que consegui poderia entrar na universidade sem problemas. Juntei os livros e me preparei para sair da biblioteca, já que estava escurecendo e eu queria comer alguma coisa antes de ir para o meu quarto.
Caminhei um pouco e, ao entrar em um dos corredores, senti um corpo grande esbarrar no meu. A dor foi imediata, então levei as duas mãos ao rosto para tocar a área afetada.
- Desculpe, senpai, mas você deveria ter mais cuidado. Não é educado esbarrar em pessoas assim - reconheci seu tom zombeteiro e desafiador, sem a necessidade de levantar a cabeça. Era ele.
- Você não deveria falar comigo de uma forma tão insolente, sou mais velho que você - respondi com raiva.
- Com essa estatura não consigo te levar tão a sério, senpai - colocou a mão na minha cabeça, deixando evidente a diferença entre nós dois.
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Bonito Pesadelo
FanfictionQue merda você quer de mim?! o cobre olha para ele, exalando o mais profundo ódio em seu ser. - Tudo - sua resposta é simples e ao mesmo tempo cheia de tanta coisa que ele é incapaz de colocar em palavras. Ele quer se aproximar, mas sabe que não pe...