🧡 SEJA SÓ MEU II 💙

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"Maldito seja". Ele se inclina contra um poste para respirar um pouco e acalmar sua respiração. Esfrega os olhos com muita força, se machucando. "Maldito seja". As lágrimas ainda ameaçam cair e se sente cada vez menos no controle de si mesmo. Morde o lábio inferior até sentir o gosto metálico no paladar. Não poderia se importar menos. Só quer desabafar e colocar tudo de volta em seu lugar. Exala um longo suspiro e seu peito se acalma, a dor diminui, mas não completamente.

"Por quê?", a pergunta ecoa em sua mente, dilacerando sua consciência sem piedade. Não deveria ser assim, não faz parte do plano sentir que todo o seu corpo está em completo caos. Fecha os olhos e se concentra o suficiente para diferenciar o aroma de lavanda que se sobrepõe à brisa do mar ao redor. Seus músculos relaxam, seus pensamentos se dissolvem em uma visão embaçada.

- Você está bem? - Ele abre os olhos e encontra Toono de cócoras em sua frente.

- O calor me deixou zonzo.

- Quer que voltemos pra casa?

- Não precisa, idiota. Estou melhor agora - ele se levanta e se espreguiça, tentando clarear a cabeça. De certa forma, é bom que o castanho esteja ali, pois sua presença o obriga a fingir.

- Então vamos com os outros, todos já entraram no aquário - tenta pegar na sua mão, mas o acobreado se afasta instantaneamente, deixando-o com uma expressão perplexa.

- Não é certo - diz ele, embora não tenha certeza do que acabou de dizer.

- Porque? Eu fiz alguma coisa errada?

- Pode ser mal interpretado.

- Mas já fizemos isso antes - parece muito confuso com o comportamento estranho de seu amigo.

- Sim, mas agora é diferente - suas bochechas ficam rosadas e ele baixa os olhos envergonhado - pare de fazer perguntas idiotas e vamos logo - toma a iniciativa de pôr fim naquela conversa.

O que é diferente? Não saberia dizer. Ele só tem certeza de que algo mudou e  não quer que Tamura o veja com Toono novamente. Essa mesma revelação desperta a raiva de um momento atrás, a intensidade com que se agita em seu peito infunde nele a coragem de resolver o assunto com as próprias mãos. Ele precisa mais do que apenas respostas, quer fatos concretos, não sabe quais, mas os quer desesperadamente. Já está cansado de ficar à deriva, prestes a naufragar ao menor descuido.

Não demora muito para localizarem o grupo, é quase impossível perder de vista meninos tão barulhentos quanto eles, especialmente porque Yuri parece estar determinado a tocar o peixe e Tamura optou por dar uma chave de braço nele, bloqueando momentaneamente sua respiração. Quando seu rosto fica tão rosa quanto seu cabelo, decide soltá-lo. Levará alguns minutos para seu cérebro se reoxigenar, de modo a assegurar-lhes um breve período de sossego.

Yaguchi fica ao lado do azul, cruzando os braços e mantendo uma expressão irritada, impossível de ignorar. A princípio, o maior apenas lhe dá alguns olhares disfarçados, tentando avaliar a situação. A aura do cobre torna-se cada vez mais densa e sufocante, de modo que, pouco a pouco, vai se sentindo encurralado.

- Você gosta? - pergunta educadamente, apontando para os peixes que nadam sob a luz azul que se projeta na água.

- Não.

- Então podemos ir ver os golfinhos, li que vão fazer um show de acrobacias.

- Não quero.

- As arraias?

- Não.

- Sstá com fome de novo?

- Não.

- Pode apenas me dizer o que você quer? - Seu tom continua suave, embora sua paciência esteja prestes a se esgotar.

Bonito PesadeloOnde histórias criam vida. Descubra agora