Bonito Pesadelo

🧡 VOCÊ SIMPLESMENTE VAI EMBORA? 💙

- Te espero no seu quarto.

Yuri lhe havia dito isso com aquela voz estranha que não parece pertencer ao seu corpo e que sempre o assusta. Caminha cautelosamente, não quer que algum professor o veja andando por aí quando deveria estar na aula. É óbvio que ele não virá, comparado ao Yaguchi, ele não tinha ninguém para limpá-lo depois de gozar. Toca seus lábios, lembrando da sensação de seu membro. Ainda não consegue acreditar em sua própria experiência, tê-lo na boca foi de outro mundo. Quer ir ao quarto dele e tirá-lo de lá à força, quer fazer isso com ele de novo. Muitas vezes mais. Pelo resto de sua vida. Ele bufa, descartando uma fantasia que nunca poderá realizar.

Abre a porta e entra. Yuri já está lá, deitado em sua cama com seus fones de ouvido; é por isso que ele não percebe sua presença instantaneamente, ele só reage quando Tamura lhe joga uma jaqueta que está pendurada na parede. Ele meio que se senta e o observa. Não consegue ver seus olhos por trás dos óculos escuros, mas tem certeza de que ele o está examinando. Desta vez ele tira o sapato e o joga nele, sem tomar o menor cuidado para não machucá-lo.

- Por que com ele? - interroga. Todos os vestígios de estupidez desapareceram. A atmosfera se torna pesada ao seu redor.

- O que? Desde quando você fala assim comigo? - Tamura o confronta, porque ele não tem uma resposta clara para essa pergunta. E não o diria se soubesse.

- Achei que você nunca mais chegaria perto dele. - Se senta na cama, deixando seus pés descalços tocarem o chão frio.

- Pare de uma vez, Yuri idiota - ele ri falsamente. A tensão o domina, ele quer terminar essa conversa. Não gosta da expressão séria que seu amigo está mostrando a ele.

- Ele vai partir seu coração - afirma sem hesitar, cortando a respiração do oponente.

Seu rosto não revela um pingo de benevolência. A certeza com que ele lança essa frase lapidária o assusta, não deveria, mas ele está mais do que apavorado. Ri novamente, embora com menos efusividade. Cruza os braços sobre o peito, precisa de um pouco mais de tempo para contra-atacar com algo contundente.

- Você não sabe do que está falando - é a única coisa que consegue resgatar de todo aquele caos que ele tem dentro de sua cabeça. Não vai mostrar o quanto  o está afetando ouvir essa bobagem.

- É mesmo? - Ele se levanta e coloca uma mecha de cabelo atrás da orelha enquanto olha para o céu azul que brilha do outro lado da janela. Vira o rosto para olhá-lo por cima do ombro e sorri também.

***

- Vamos fazer com que eles tenham um encontro erótico - propõe Akemi, anotando em seu caderno. Ao lado dele está Itome e na frente dele estão Toono e Kashima, observando com expectativa.

- Akemi - A voz doce de Itome quebra a folia - seria melhor não interferir, não acha?

- O que você disse, Itome-Kun? Você acha que minha ideia não é boa? - Apesar do fato de que ele parece desapontado, uma faísca de advertência pisca em suas pupilas e o cinza franze os lábios, não ousando dizer mais nada - Gosto assim. Que você seja sempre meu namorado bonito - lhe dá um beijo apaixonado que o outro responde efusivamente.

- Um encontro erótico não me parece um bom método para eles declararem seu amor - comenta Toono, estreitando os olhos para as expressões exageradas de carinho do casal, que está prestes a tirar a roupa, esquecendo completamente o objetivo dessa reunião.

- Se oferecermos a Tamu-Kun um lindo Shikatani-Kun vestido de colegial, acho que será o suficiente para ele pedí-lo em casamento - o loiro volta a falar empolgado.