Explicando o inexplicável!

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Eu queria me enfiar em um buraco e nunca, nunca mais sair de lá. Todos me encaravam como se eu fosse louca e deveriam estar pensando seriamente em me levar para um hospício. Todos com a boca escancarada e as sobrancelhas quase tocando os cabelos de tão erguidas que estavam. Eles pareciam um bando de Percys e eu estava prestes a gritar para alguém falar alguma coisa quando o próprio Percy foi o primeiro a tentar formular uma frase. Apenas tentar.

- Espera... espera... como...assim! – Ele tentou com todas as forças soar calmo e controlado, mas ele não desempenhava esse papel tão bem – Personagens de livros? Tipo heróis e pessoas que fazem coisas que só se vê em ... livros? Hãm, será que dá pra explicar melhor porque eu estou mais confuso do que o normal.

- Ok, Percy mais confuso que o normal dele é algo bem preocupante.... – E ele me lançou um olhar de poucos amigos. Segurei o riso e tentei soar séria – Bem eu gostaria muito de explicar, mas sei tanto quanto vocês, ou seja, nada. Até uma semana atrás eu nem sabia que monstros, heróis semideuses e deuses gregos...

- E romanos... – Percy lembrou já recuperado da gagueira repentina e me encarando com dúvida.

- Sim, deuses gregos e romanos eram reais. Eu sabia sobre eles, sobre vocês, mas nunca imaginei que pudessem existir de verdade. Isso é loucura. Só sei que tinha acabado de terminar um dos livros e um manticore surgiu num passe de mágica no meu colégio e tudo aconteceu.

- Até que o Leozito aqui não ficaria nada mal como aqueles heróis galãs de livros, que salvam a mocinha no final. Gostei dessa ideia. – Disse Leo encarando o teto de forma sonhadora. Não, eu não iria dizer que no livro ele só levava fora. Não sou ruim assim.

E todos voltaram a falar de uma vez. Percy e Quíron discutiam soluções plausíveis para o que estava acontecendo. Leo continuava encarando o teto, alheio a qualquer discussão. E Nico, que antes me olhava assustado e mais pálido que um fantasma, agora tinha uma raiva súbita no olhar. Dei um passo atrás. Ele tinha o mesmo olhar de ódio do Nico do meu sonho. E falou no mesmo tom de voz.

- Não acredito que vocês estão acreditando nisso! Não percebem? – ele trincou os dentes, mas vi medo em seu olhar. Seria medo dos outros descobrirem o que eu sabia por ter lido toda a história dele? Medo do que eu poderia falar sobre ele? Medo de eu saber realmente o que ele sentia? – Ela está inventando tudo isso! Criando uma historinha ridícula. Não sei o que ela pretende, mas o que ela está afirmando só pode ser mentira!

Kabooooooom. Uma bomba atômica explodiu em mim e seus efeitos foram devastadores. Ouvir aquelas palavras doeu mais do que deveria, mas doeu. E muito. Ser espremida e quase morta por uma criatura mitológica estúpida? Certo. Passar uma semana desmaiada por culpa de uma viagem nas sombras e de um veneno quase mortal? Sem problemas. Mas ser chamada de mentirosa por um filho de Hades modesto e egocêntrico quando tudo o que eu disse foi a mais pura verdade? NÃO. Isso eu não iria aturar!

- Mentirosa? – falei em um sussurro, mas todos se voltaram para mim. Estava quase suplicando mentalmente para ele não ter falado realmente aquilo. Dei um mínimo sorriso de cabeça baixa. Se ele queria a verdade, ele teria a verdade. – MENTIROSA? É mentira, di Angelo, quando digo que você passou mais de 60 anos preso no Cassino Lótus e por isso você ainda tem essa carinha jovem? É mentira quando digo que Mitomagia era seu jogo nerd e preferido até seus dez anos e que você tinha uma adoração pelos semideuses quando descobriu que deuses existiam realmente? É mentira quando digo que você tem duas irmãs? Hazel, filha de Plutão e Bianca, filh.... – Parei. Essa era uma mentira. Eu havia falado demais. Não podia continuar. A morte da irmã era algo delicado e doloroso para Nico e, mesmo que ele tenha me magoado com aquelas palavras, eu não podia fazer aquilo com ele. Eu não queria fazer aquilo com ele. Não quando eu sabia a dor de uma perda e como falar sobre ela era ainda mais doloroso.

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