P.O.V Nico
- Eu te amo, Nico.
A respiração dela parou, os olhos se fecharam e o corpo pendeu imóvel sobre meus braços enquanto eu gritava repetidamente.
- Eu também te amo, Swan! Eu te amo, cisne! Te amo com todo o meu coração.
Mas era tarde demais.
E até aquele momento eu estava paralisado, meu corpo anestesiado e minha mente repetindo que tudo aquilo era um grande pesadelo. Que eu acordaria e teria Swan viva e com aquele sorriso lindo ao meu lado.
Que nada daquilo era real.
Mas então eu senti aquilo que mais temia desde que me apaixonei por ela: a alma do amor da minha vida saindo do corpo. Vi o vulto caminhando pelo deserto lentamente e sumindo. Num piscar de olhos eu não a sentia mais, nem mesmo no mundo inferior.
Ela tinha desaparecido totalmente.
E foi então que eu perdi o controle.
- NÃO! Não, i-isso...isso não pode... não pode...
Abracei o corpo dela, soluçando e chorando como só lembrava de ter feito na morte de minha mãe. A dor, aquela dor que eu tanto tentava esquecer, irradiava por meu corpo queimando e quebrando tudo dentro de mim mil vezes mais forte.
As lembranças só instigavam aquele fogo destruidor.
O sorriso, o beijo, os olhos dela.
Como eu viveria sem nunca mais ouvir aquela voz? Nunca mais ver os olhos que deram sentido à vida miserável que eu vivia? Como voltar à uma vida sem ela?
Eu não conseguiria!
Ela tinha morrido e a maior parte de mim também. Depois de todas as perdas, àquela levou a última parte de mim.
Eu só queria gritar até que tudo em mim se desfizesse. Ficar ali com ela em meus braços até a eternidade, até que o mundo virasse pó e que tudo que restasse fosse minha alma entrelaçada à dela.
Mas a alma dela tinha desaparecido.
Nosso reencontro seria impossível.
E o ódio que crescia em mim poderia queimar o mundo.
- Ela se foi, Nico. - Percy falou, a voz ainda embargada e a mão pousada sobre meu ombro. - Ela morreu como uma heroína e isso nunca será esquecido, mas não há mais nada a fazer. Se eu pudesse...se pudesse voltar, se pudesse mudar essa droga de destino, eu o faria sem...
Mas o discurso de Percy ficou esquecido quando uma única palavra piscou em minha mente.
Mudar.
Mudar o destino.
E se...?
Me lembrei da conversa que tive com Swan na floresta, sobre a Grande Guerra parecia ter sido há séculos.
E teve algo que não contei.
Encarei o horizonte, os olhos dilatados aos lembrar do fim da Grande Guerra contra Gaia, de estar ajoelhado diante dos deuses e de ouvir que por ser um herói tinha direito a um desejo, qualquer coisa que meu coração pedisse como recompensa pela minha bravura.
Um desejo que ignorei e esnobei na época. Que nunca fiz.
Que nunca quis.
Até agora.
- Vocês estão em dividia comigo. - Rosnei baixo, mas sabia que os deuses ouviriam. - E eu vou cobrá-la.
Beijei Duda uma última vez antes de colocar seu corpo no chão com cuidado, meus olhos incapazes de encarar o espinho horrendo que ainda atravessava seu peito. Seu corpo imóvel e todo o sangue fez meu estômago embrulhar, as lágrimas ainda caindo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Realidade Imaginária
Viễn tưởngE se deuses, semideuses e monstros forem reais? E se toda a história do livro realmente aconteceu? E se algumas palavras pudessem mudar o curso do destino? Quando a leitura é sua arma mais poderosa, é preciso empunhá-la com sabedoria, pois o destino...