— Este é um bom lugar — disse Merlin. — Vamos acampar aqui esta noite.
Grilos cantavam enquanto Brooklet se aproximava de um pequeno vale coberto. Arthur não dissera nenhuma palavra desde que tinham escapado para a floresta. Merlin tentou instigá-lo a falar alguma coisa, mas ele não queria ceder. A égua roçou nos galhos de um salgueiro enquanto eles paravam em um local onde folhas de álamo cobriam o chão. Havia uma pedra grande do outro lado do morro baixo, perto de um círculo de cinzas. Alguém acampara ali recentemente.
Quando a égua parou, Arthur jogou sua bolsa no chão e apeou o mais rápido que pôde, deixando Merlin na sela. Ele saltou em seguida, mas sua mão escorregou através de Brooklet enquanto ele descia. A égua relinchou e correu para o outro lado da pedra alta.
— Ela realmente não gosta quando eu a toco.
Arthur desenrolou uma colcha e sentou-se em cima.
— Devemos tirar a sela? — indagou ele.
Ele lhe deu as costas.
Merlin suspirou. Por quanto tempo ele vai continuar assim?
Foi até Brooklet, soltou a barrigueira e tirou a sela das costas da égua. O animal soltou um relichou baixo e remexeu a mandíbula antes de ir até a margem do rio ali perto.
— Se eu não passar através dela, ela não se importa — comentou ele.
Arthur pegou uma maçã na bolsa e mordeu-a.
— Gaius disse para irmos só nós dois nessa viagem, lembra?
O príncipe permaneceu em silêncio, a não ser pela mastigação.
— Está com raiva de mim? — Merlin esperou que ele falasse, mas ele se recusou. — Se vamos fazer isso, precisamos pôr as coisas para fora. Caso contrário, vai ser uma longa jornada.
— Raiva não é a palavra que eu usaria, fantasma. — Arthur se ajeitou e olhou-o com absoluto desprezo. — Que tal abominação? Ou desdém? Ódio! Essa é boa.
— Escute. Eu não pretendia...
— Desprezo! — Arthur jogou o miolo da maçã contra ele. O projétil passou através do peito. — Eu desprezo você!
Merlin cruzou os braços com o maxilar trincado.
— Acabou, ou tem mais?
— Ah, eu tenho muito mais — sibilou Arthur. — Não que eu espere que você compreenda. — Seus olhos se apertaram tanto que Merlin não conseguia mais ver o azul deles. — Você me coagiu a vir! E machucou Mordred, ele poderia ter nos ajudado!
Merlin balançou a cabeça.
— Ele mereceu. Por que você gosta de sir Mordred, afinal? Odeio dizer isso, mas ele não gosta de você.
Ele o encarou com raiva.
— Como você sabe?
— Eu o ouvi ontem à noite. Ele só quer você por causa do trono.
— Fique longe dos meus assuntos! — gritou ele, olhando-o com ferocidade. — Escute o que estou falando, seu inútil! Quando acharmos a Agulha e acabarmos com esse absurdo, você vai me deixar em paz para sempre e eu vou me casar com Mordred!
— Casar. — Merlin odiou dizer a palavra. — Você vai se casar com ele?
— Você está morto, fantasma. E não surdo.
Ele deu de ombros.
— Case, então. Não estou nem aí.
Ele o encarou de volta, com a sobrancelha arqueada.
— Está sim!
— O quê? — retrucou Merlin.
A acusação súbita deixou ele aturdido.
— Claro que está! Tudo faz sentido. Você tem ciúmes do Mordred! — Ele se curvou e soltou uma gargalhada. — Isso é demais. Achou mesmo que você e eu poderíamos um dia...?
— Diga você — respondeu Merlin. — Eu vi como você me olhou durante o festival.
As bochechas de Arthur ficaram vermelhas.
— Eu nunca faria isso! Você é um camponês, um camponês morto!
— Títulos e status não significam nada. No fim das contas, todos somos iguais.
O príncipe deu um riso de escárnio.
— Onde você ouviu esse absurdo? De sua mãe?
Sereno, Merlin cruzou os braços.
— E se foi?
— Então ela é uma grande idiota, criando um filho inútil como você.
— Melhor ter uma mãe idiota do que um pai covarde!
De repente, Arthur se virou de costas.
— Como ousa! Vá embora!
Atravessando o tronco caído, Merlin foi em direção ao rio, frustado e insatisfeito. Sentou-se junto à margem, procurou uma pedra e jogou-a quicando sobre a água. Não foi um bom começo, mas ele estava feliz por ter dito a verdade sobre Mordred. A noite não estava muito escura - a lua já havia nascido. Parecia cheia, mas ele sabia que estava minguando. Em menos de uma semana a meia-lua dominaria o céu nortuno.
Não temos muito tempo.
Jogou uma segunda pedra. Ela afundou no rio. O som oco dos casacos de um cavalo se aproximou enquanto ele procurava uma terceira. Brooklet se aproximou e bebeu água junto à margem.
Merlin estalou os lábios. Sentia falta do gosto da água.
— Como você o aguenta?
A égua sacudia a crina e bufou antes de tomar outro gole.
— Certo. — Ele riu. — Não cutucá-la do jeito errado. Eu sei.
Merlin estendeu a mão para outra pedra, no instante em que um pé a atravessou.
— Boa tarde, meu jovem.
Merlin saltou para trás, passando pela barriga da égua. Brooklet relinchou e correu para onde Arthur estava deitado. Um homem usando vestes reais estava diante Merlin. O cabelo branco chegava aos seus ombros e ele usava uma túnica azul.
Era o homem que Merlin tinha visto no quarto de Arthur.
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perdão pelo capítulo pequeno, eu tava escrevendo mas aí apaguei tudo o que tinha feito... fiquei com raiva e deixei assim mesmo akkakak próximo sábado fica maior, prometo
quem será que o merlin viu em 🥸
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it's destiny, my love! [merthur]
RastgeleO sonho de Merlin era ser Cavaleiro do Reino de Camelot. Filho obediente, ajudava como podia os moradores de sua pequena e tranquila aldeia. Querido por todos e tratado como herói, acreditava que logo seria selecionado como escudeiro da cavalaria. M...