20 de Julho, 22:00

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"Eu vivo num mundo cheio de gente que finge ser quem não é."

Hoje foi um dia e tanto, cheguei morrendo de dor de cabeça e tive que aturar meu pai enchendo o saco. Tudo isso porque minha mãe resolveu dizer a ele que eu tinha chegado quase na hora de viajar e ainda estava com bafo de bebida alcoólica.

Pelo menos já estou acomodado. Ele separou um quarto para que eu não precise ter contato com Cláudia, minha madrasta. Parece que depois que deu à luz, está mais insuportável do que nunca. Tenho pena de minha meio irmã, Patrícia. Tão novinha e nem imagina o que vai passar ao lado da megera.

Bem, diário, vamos ao que realmente interessa: não paro de pensar na despedida que fizemos na casa da Aninha. Foi algo que ficará na memória por muito tempo, talvez até para sempre.

Por volta das 7 da noite Pelado passou lá em casa para me dar uma carona. Minha mãe odeia quando saio com ele,pois ele sempre me leva na moto surrada do irmão.

- Patrick, venha cedo. Amanhã você viaja! E não quero perturbação na hora de ir para a rodoviária. - disse minha mãe com aquela cara de reprovação que somente ela sabe fazer.

- Relaxa tia, voltaremos cedo.- retrucou Pelado e saiu em disparada deixando minha mãe respirando a fumaça da velha descarga. Ela sabia de que "cedo" ele estava falando.

Chegando à casa de Aninha pude perceber que aquela noite ia ser inesquecível, pois para a nossa sorte os pais dela não estavam em casa. Mas todos os convidados da noite já haviam chegado.

Sentados em volta da mesinha de centro dava-se para notar que todos estavam super empolgados. O kit saídas estava recheado de vodca, refrigerante e três carteiras de L.A menta. O ambiente estava tendo como trilha sonora as músicas da banda Paramore. Aposto que estavam usando o pen drive da Manu.

Lembro que quando Manu e eu namorávamos eu era obrigado a ouvir as músicas de trás pra frente(sem exageros) e sempre brigávamos porque eu achava Avril Lavigne melhor que Hayley Williams. Enfim, isso não vem ao caso agora.

Enquanto passava Misery busines fui acender um cigarro, o primeiro da noite.

- E aí, meninos! Só faltavam vocês para eu apresentá-los ao meu amigo Jack. - disse Jéssica.

- Oi, Jack! - falamos em uníssono.

- Jack Sparroooow - gritou Victor jogando uma lata de cerveja para nós.

- Prefiro, Estripador...Jack, o Estripador.- respondeu Jack, num tom seco e um sorriso amargo.

- Meninos, vamos deixar a vodca para a hora da brincadeira. - sugeriu Aninha tomando a garrafa das mãos de Jack.

- Que brincadeira? - perguntou Pelado.

- VERDADE OU DESAFIO! - gritaram todos.

Logo vi que estava bom demais para ser verdade. Eles não sabiam, mas odiava aquela brincadeira. Já havia me metido em cada uma brincando daquilo. Inclusive foi um dos motivos de eu ter terminado com a Manu. Mas como dizia meu amigo Pelado: dance conforme a música. Mas naquele momento a música que estava passando era All I wanted.

- Antes de começar, alguém está afim de ficar chapado? - perguntou Jack jogando quatro belos cigarros de maconha em cima da mesinha de centro.

Pelado, Jéssica, Victor e Manu. Não sei eles, mas eu já estava começando a gostar daquele novo garoto. Uma bela tragada aliviaria a tensão daquela maldita brincadeira ou quem sabe pioraria mais ainda as coisas. Então, eu propus:

- Vamos lá, mas antes coloquem Avril Lavigne para a vibe ser melhor! - foi naquele momento que senti sendo fuzilado pelo olhar de ódio de Manu.

Confissões de um TaurinoOnde histórias criam vida. Descubra agora