11 de Agosto, 19:30

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Bilhete anônimo:


"BLUE MAN, SE EU PUDESSE TÊ-LO COMIGO SEMPRE, EU SERIA A PESSOA MAIS FELIZ DO MUNDO. TENHA UM ÓTIMO DIA."


Diário,


Recebi mais uma vez um bilhete anônimo. Estranho, porém, intrigante. Gosto muito de mistérios. Um dia ainda irei descobrir quem está me mandando isso.

Hoje na escola tudo girou em torno do olho machucado do Pelado. Ele chegou atrasado à primeira aula e com um machucado enorme no olho esquerdo. Motivo suficiente para toda a turma passar o intervalo inteiro mimando ele. Principalmente a Manu. Aquilo já estava me causando náuseas.


Fiquei sabendo pela Jéssica que a polícia havia invadido a casa dele à procura de armas e drogas. Tudo por conta do primo dele que mora lá. Parece que ele já foi envolvido em muita coisa errada. Daí durante a revista, a mãe do Pelado foi se meter e acabou sendo empurrada pelo policial. Ao presenciar essa cena, Pelado foi tomar satisfação e acabou sendo agredido pelos guardas.


Perguntei a Jéssica se haviam encontrado alguma coisa, mas ela disse que não. Confesso que fiquei preocupado com ele, apesar de tudo. Desde que o conheço eu sei que a família do pai dele é envolvida com o tráfico de drogas.


Quando voltei para casa, minha mãe foi logo me perguntando se eu sabia disso. O ruim de morar em cidade pequena é isso: tudo se espalha feito poeira ao vento.


 Acredita que na hora de dividir as equipes, a professora de História me pôs no mesmo grupo da Manu? Quase que meu coração salta pelas narinas. E o pior de tudo é que ela estava usando um perfume que não saiu de mim ainda. Parece que eu absorvi toda a sua essência. Mas para qualquer efeito de conversa, eu a isolei o máximo que pude. No máximo trocamos duas palavras.


A Jéssica e a Aninha estão mais grudadas do que nunca, só o Victor que não enxerga. Mas já ouvi dizer que quando estamos apaixonados, não conseguimos ver nada mais além daquilo que amamos. Parece que entramos em um estado-de-babaquice-nível-mil.


Às vezes me pergunto por que precisamos nos apaixonar. Quer dizer, não é nem uma questão de precisão. Simplesmente acontece. Seria muito mais fácil se isso não existisse, sabe. Tão cedo quero que isso aconteça em minha vida. Embora eu ainda saiba que a Manu "mexe" comigo. Apesar de que eu não voltaria mais para ela, depois de tudo que ela fez. Porém, é inevitável não bombear quando estou na presença dela.


E tem mais, quando existe uma paixão, os amigos deixam de ser importantes. Já perdi muita gente depois que a pessoa começa a namorar. Minha raiva maior é porque as pessoas quando estão namorando, esquecem totalmente dos amigos, mas quando se decepcionam, os primeiros que procuram são os amigos que elas abandonaram.


Agora fiquei pensando o seguinte: será se a Manu gostava mesmo de mim? Quanto tempo eu devo ter desperdiçado ao lado dela. E o pior é que ela se foi e levou junto meu melhor amigo. Ou talvez ele nunca tenha sido meu amigo de verdade. 


Melhor eu ir dormir...

Confissões de um TaurinoOnde histórias criam vida. Descubra agora