"Somos o que fazemos com frequência; a virtude, portanto, não é um ato, mas um hábito." – ARISTÓTELES
Diário,
Estava deitado ouvindo Burnout da banda Green Day quando minha mãe chegou me chamando para lavar a louça.
Era só o que me faltava, nem mesmo paz se pode ter nessa casa. Ela sabe muito bem que estou de férias, e, como qualquer ser humano de bom senso sabe que férias são FÉRIAS. Não no meu caso, já que minha mãe me vem logo "enchendo o saco".
Foi o jeito fazer o que ela estava mandando. Não posso reclamar muito. Preciso tê-la na palma de minha mão até o dia da festa que, por falar nisso, já foi resolvido. Vai ser na casa do Leandro, os pais dele vão viajar para comemorar mais um ano de casamento.
Se for questão de confessar, eu costumo ter inveja dos meus amigos que ainda têm os pais casados. Mas isso não é privilégio para todo mundo, e, eu tive a má sorte de ter os pais complicados. Lembro muito bem que sempre que estavam juntos brigavam por tudo. Ora pelo café amargo, ora pelo vestido curto de minha mãe. Reuniões na escola? Era aquela confusão.
Quando eu tinha oito anos resolvi fugir de casa, passei duas horas escondido no estacionamento do prédio de onde morávamos. Quando fiquei com fome voltei para casa e percebi que ninguém sentiu a minha falta.
Eles se separaram quando eu tinha dez anos e foi aquele choque, sabe. Nos primeiros anos passei a culpar minha mãe pela separação. Colocava a culpa nela, já que não fizera nada para evitar.
Aquilo doeu muito mais em mim do que neles. E quando meu pai conheceu a Cláudia, passei a odiá-lo e mudei meu conceito em relação a minha mãe. Mas sempre que eu ia passar as férias com ele, voltava revoltado com ela. Meu pai tinha a mania de tentar colocar toda a culpa em cima de minha mãe. E eu ainda criança, claro, acreditava.
Meu pai começou a ter crise financeira e por conta disso atrasava minha pensão. Com isso sempre havia brigas. O tempo passou e eles conseguiram se entender. Menos eu que não consigo entendê-los até hoje. O pior de tudo foi quando minha mãe começou a namorar o Frank. Ele começou a entrar em nossa vida de um jeito que começou a me incomodar. Mas o que mais me dava raiva era saber que ele era mais novo que minha mãe, quatro anos mais novo.
Antes de ele aparecer, minha mãe e eu éramos inseparáveis. Íamos ao cinema juntos, dormíamos na mesma cama; até compartilhávamos dos mesmos canais de TV.
Os finais de semana eram os melhores. Sempre viajava com ela e suas amigas para algum lugar. Mas depois que o "cara de jumento" surgiu, minha felicidade desapareceu, e, a dela também. Só vive estressada. Ele é muito ciumento, ou finge ciúmes. E ela faz tudo o que ele quer. Li uma vez em um livro chamado As vantagens de ser invisível que cada um tem o amor que acha que merece.
De que adianta reclamar se ela escolheu foi ele para viver a nossa vida, compartilhar dos nossos sonhos, dividir nossa comida e nossa alegria.
Às vezes tenho esperança de que eles terminem, mas minha mãe é do tipo que acha que depois dele ninguém vai mais querê-la. O que faz as mulheres serem tão inseguras assim? Será que são todas? Depois irei pesquisar a respeito do signo dela. Talvez me dê às respostas que preciso para ajudá-la a sair da vida dele.
Patrick: ?????
ProfessoraFabiana: Oi, Pat! Como está?
Patrick: Mais ou menos e vc?
ProfessoraFabiana:Estou bem mais feliz, já que as aulas estão para começar. Mas pq vc está mais ou menos?
Patrick: Tipo assim: a galera vai fazer uma despedida das férias e eu não tenho dinheiro e não vou pedir a minha mãe. Estou com raiva dela e mesmo que não tivesse acho que ela não daria.
ProfessoraFabiana: De quanto vc precisa?
Patrick: 40 reais.
ProfessoraFabiana: Serve 30?
Patrick: Claro!! Já é um começo!
ProfessoraFabiana: Vou te passar meu endereço e vc vem pegar okay?
Patrick: Você e demais, Fabi. Sabia que sonhei com vc?
ProfessoraFabiana: Sériooo? Foi bom ou ruim?
Patrick: Depende do seu ponto de vista. Sonhei que nós dois "se pegava".
ProfessoraFabiana: Eitaaa. Sério, menino?
Patrick: Sim, que louco neh? Mas se preocupe não que eu me garanti. Você gostou e muito.
ProfessoraFabiana: kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
...
Victor: Ei, Pat! Vc vai mesmo?
Patrick: Claro que vou! Não vejo a hora!
Victor: E se "os dois" lá forem?
Patrick: Quem? O Judas e a Manu galinha?
Victor: kkkkkkkkkkk esses mesmos.
Patrick: Victor, vou fazer como o Jack me disse, devo levar a vida de outra forma. Se não deu certo é pq não era pra ser.
Victor: Por falar em Jack, o que foi aquilo mesmo?
Patrick: Normal cara.
Victor: NORMAL????
Patrick: Sim, ele só fez me ajudar. Pq ele sabia que todos iriam ficar olhando pra mim depois do que a Manu falou.
Victor: Mas tinha que ser daquela forma?
...
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Confissões de um Taurino
Teen FictionPatrick tem apenas 16 anos e já precisa tomar decisões sobre o futuro, sobre as amizades e principalmente sobre si mesmo. Saber quem você é num mundo cheio de escolhas e reviravoltas não é nada fácil. Através das páginas de seu diário, Patrick colo...