07 de Setembro, 02:37

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Diário,

Ainda não consegui pregar o olho. Não paro de pensar no "plano" que o Victor armou para conseguir pegar os diários que estão no armário da professora Fabiana.

Não sei por quê ainda compactuo com as ideias absurdas que ele inventa. Mesmo estando curioso em saber o que Manu escrevera em seu diário no dia daquela bendita festa, confesso que estou morrendo de medo que tudo saia errado. Sim, sou pessimista. Não, totalmente pessimista. Mas é que ultimamente o que vem acontecendo em minha vida, não vem carregado de doses de esperança. Sabe como é, diário: coisas de taurino. Nós taurinos somos como aquele touro Ferdinando, que ficava pastando tranquilamente com uma florzinha na boca, até ser incomodado por uma abelha. Então, já dá para compreender mais ou menos como eu sou ou deveria ser. Enfim...

Victor esteve aqui em casa para explicar-me o plano. Chegou por volta das 19 horas, trazendo na mochila uma garrafa de vinho, ultrapassando as fronteiras de confiança que minha mãe construiu para os amigos que vêm me visitar. Precisei trazê-lo até meu quarto a fim de termos mais privacidade e, claro, para que pudéssemos apreciar o vinho, longe da supervisão de adultos.

- Amanhã, será o dia ideal! – Exasperou-se Victor – enquanto todos estiverem envolvidos com a gincana em comemoração à independência, aproveitaremos que a sala dos professores estará longe dos olhos de todos e pegaremos os diários.

- Você já pensou que o armário da Fernanda é trancado, expert?

- Claro que sim! É aí, meu caro, que você entra em cena! – disse-me ele com uma cara de Sherlock Holmes.

Dei dois goles secos naquele vinho tinto, para poder engolir aquela ideia amarga e perigosa.

Enquanto ouvia cada detalhe, principalmente sobre a minha parte na "ação", que era ludibriar a professora Fabiana, pensava no quanto aquilo poderia ser um desastre. No quanto poderia destruir minha reputação com os demais. Aquilo que eu construí estava a um fio de ser desmanchado. Traduzindo: nós taurinos somos um poço de medo e de controvérsias. Mas eu precisava de fato saber o que acontecera naquela noite com Manu e Pelado. Não sei se algo possa ser mudado entre nós. Não sei nem se o que eu sentia por ela ainda me pertence. Aliás, nada me pertence. Não sou dono de mim, nem de nada do que eu faço ou penso. Mas lá no fundo, bem no fundo...algo me diz que eu precisaria saber de toda aquela confusão, ou pelo menos o essencial.

Se me perguntares no momento se ainda amo a Manu, confesso que não saberia responder com toda a certeza, porém uma vez li num poema, do qual não me lembro o título ou autor, que dizia o seguinte: "algumas coisas, uma vez que você as amou, tornam-se suas para sempre..."

Queria que isso não fosse verdade, mas só o tempo poderá dizer.

Vou dormir, diário. É o melhor que eu posso fazer no momento. Daqui a pouco tenho a grande missão de enganar a professora Fabiana.


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⏰ Última atualização: Nov 22, 2016 ⏰

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Confissões de um TaurinoOnde histórias criam vida. Descubra agora