13 de Agosto, 4:50 A.M

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O dia ainda nem amanheceu e cá estou eu sentado nesse chão imundo fedendo a álcool e cigarros. Mas não largo você, pois desde que comecei a escrever um diário tenho me sentido menos solitário.

Olho para os lados e só vejo lembranças de uma virada de noite que poderia ser o meu fim se minha mãe resolvesse chegar agora pela manhã.

Há latinhas de cerveja por todos os cantos da casa que eu olhe; em cima da estante, da mesinha de centro, em cima do sofá, em cima do Jack que se encontra deitado em minha cama, sem falar nas que estão espalhadas pelo chão...

Há pratos sujos e farinha por toda a cozinha; copos ainda cheios de vodca e refrigerante de laranja, e ainda, centenas de restos de cigarro. O Victor deve estar no banheiro desmaiado, vomitou tanto que acho que se afogou no próprio vômito. Aninha e Jéssica estão deitadas aqui na minha frente, no outro sofá. Estão tão juntas que parece até um casal de filme adolescente. Parece até que é bela e leve a paixão, mas como diz minha professora, a paixão é como uma fogueira: começa quente, fica mais quente ainda quando está em brasas, mas no final vira cinzas, vem o vento e leva tudo embora.

Ao meu lado... ao meu lado apenas um copo com água e uma boa música. E que música! Sempre que me encontro assim, fora do universo, gosto de ouvir "Breath Me" da Sia. Sinto-me mais leve, mas elevado. Na verdade saio para outra dimensão em busca de alguém que me traga de volta. Mas ao mesmo tempo, penso como se eu estivesse dentro d'água, boiando. Apenas ouvindo um barulho oco, vazio, seco. Um sentimento bem fora do comum.

Diário, a galera chegou por volta das cinco da tarde e pelo que descrevi aqui deu para perceber que foi uma festa daquelas.

O primeiro a chegar foi o Victor, que me ajudou a preparar algumas coisas, inclusive a playlist. Não sei se foi bom para ele, pois ele descobriu que a Aninha está namorando sério com a Jéssica. Enquanto me ajudava, conversamos sobre muitas coisas e uma delas foi sobre o Jack. Não entendi muito bem o que ele quis me dizer, mas parece que ele sente um pouco apreensivo com a nossa amizade. Ele disse que depois que eu me tornei amigo do Jack tenho esquecido mais dos velhos amigos. Mas joguei essa pergunta para ele:

- Será se fui eu quem esqueceu os amigos? Pois, pelo que eu sei você ainda está aqui comigo. E os outros? Quem quer, vai atrás. Quem lhe garante que o Jack vai estar sempre comigo. Ele apenas apareceu na hora que eu mais precisava. Você por exemplo, está aqui comigo, pois precisa reconquistar a Aninha. Caso contrário, estaria em algum outro lugar com ela. - acho que peguei pesado com o Victor, mas sinto que às vezes ele precisa de um choque de realidade.

Depois do que eu disse ele mudou de assunto e o Jack chegou trazendo as bebidas e uns CDs.

- Nem pensar, Jack. Patrick e eu já programamos a playlist e nada mais de músicas. – disse Victor pegando os CDs. – Nightwish, Offspring, Foo Figthers, Linkin Park...uma ótima trilha sonora, mas para hoje não!

Jack me deu uma olhada e sorriu. Peguei as bebidas e levei-as para a cozinha enquanto o Victor ficava conferindo os CDs.

- Ele é sempre assim? – perguntou-me Jack.

- Às vezes. Mas é uma ótima pessoa.

De repente ouvimos o grito de Victor, bastante assustado porque o Pelado estava lá embaixo com a Jéssica. Ele a trouxe de moto.

- Pat, pede para ele entrar, por favor? – implorou-me Victor.

Jack deu-me uma olhada do tipo "Você que sabe!"

- Só se você for convidá-lo, mas saiba que não darei a mínima para ele. – disse-lhe.

Victor saiu correndo, mas logo voltou somente com a Jéssica. Por um momento achei que ele iria entrar, mas vi que não seria tão cara de pau assim.

- Ele disse que não podia, porque ia resolver umas coisas para o primo dele. – disse-me Jéssica. – Você sabe que problemas são esses, Pat?

- Não sei e nem quero saber. – respondi rispidamente.

Fomos para a sala e levamos a bebida. Conversamos sobre tudo um pouco. Fumamos e bebemos. Quando anoiteceu a Aninha chegou. Isso fez com que o Victor ficasse mais alterado ainda. Fumava feito uma chaminé e olha que ele detesta cigarro. Pedimos uma pizza e ficamos jogando conversa fora. O Jack contava suas piadas e a Jéssica ria feito uma anta (Apesar de nunca ter visto uma anta rindo, mas se risse, seria daquele jeito).

De repente começou a tocar Simple Plan e começamos a dançar. O Jack aumentou o volume e logo fomos chamados atenção pelo vizinho ao lado. Tivemos que baixar o som.

- Vamos ter que cheirar o som agora. – disse Jack rindo.

- Nãaaaao! Tive uma ideia. Vamos brincar de "EU NUNCA!" – gritou Victor.

- Como é essa brincadeira? – Jéssica perguntou.

- É o seguinte: cada um aqui diz uma coisa que nunca fez e quem tiver feito bebe uma dose. Por exemplo, eu digo "Eu nunca beijei um homem...", então, quem já beijou bebe uma dose.

Tenho certeza, diário, que ele inventou esse jogo para descobrir coisas sobre a Aninha. Mas mesmo assim, todos nós aceitamos brincar desse negócio. Quem começou o jogo foi o Jack.

- Eu nunca fumei cagando...

Ele pegou pesado e eu tive que beber, mas ainda bem que não fui o único. A Jéssica também bebeu e rimos até doer à barriga.

- Eu nunca beijei uma menina...- disse Victor.

Todos contestaram, mas ele explicou que nesse caso quem diz pode blefar. Não aceitamos muito, mas todos nós bebemos.

- Eu nunca beijei um menino... – disse Jéssica. Mais uma vez, todos beberam.

- Eu nunca transei com um menino... – disse Aninha.

Jéssica e Jack beberam, para espantos e olhares curiosos de todos. Para salvar o Jack lancei a minha e acho que traí a Aninha.

- Eu nunca transei com uma menina...

Agora foi a vez de Jéssica, Aninha e Jack beberem a dose. O Victor decidiu ir ao banheiro e piscou para mim. Tive que acompanha-lo.

- Eu sabia Pat, eu sabia. Ainda bem que você fez aquilo. Só assim tirei minhas dúvidas. Elas estão ficando. – disse-me Victor, quase chorando.

Dei um abraço nele e voltamos para a sala onde estava tocando Love is dead da banda Tokio Hotel. Enquanto isso o Jack estava fumando e elas, bem... Elas estavam se beijando.

Ao ver aquilo o Victor correu até o som e mudou a música para That's not my name da banda The Ting Tings fazendo todo mundo correr para dançar e cantar o melhor refrão do mundo.

They call me 'hell'
They call me 'Stacey'
They call me 'her'
They call me 'Jane'
That's not my name
That's not my name
That's not my name
That's not my name

Enquanto estávamos cantando o Victor pegou um Halls e nos ofereceu, mas antes que eu pudesse pegar, ele colocou na boca e pediu para que eu tirasse com a própria boca. Nem deu tempo eu rejeitar, pois o Jack foi lá e tirou da boca dele, dando um beijão. As meninas estavam se pegando no sofá mesmo. Depois que o Jack pegou o halls da boca do Victor ele veio passar para mim e nos beijamos, por um bom tempo. Quando paramos vi que tinha que passar para alguém e ao invés de passar para o Victor devolvi para o Jack. Começamos a rir e fomos para a varanda fumar um baseado.

Parece que o Victor superou o que aconteceu entre Aninha e Jéssica, eu acho. Mas só vamos saber depois que ele acordar do coma alcoólico. Fui agora a pouco verificar se ele tá bem. Vi que está respirando, então está ótimo. O Jack está jogado na minha cama. Mexeu-se um pouco, olhou para mim com aqueles olhos verdes e mortos e dormiu de novo. As meninas estão aqui abraçadinhas e bem coladas no sofá. Nunca tinha reparado que a Aninha tem uns seios bem bonitos. Dá pra ver um pouco pela camiseta dela. Eu devia me masturbar vendo isso, mas, espera diário. São quase seis horas e tem alguém chegando lá embaixo. Vou dar uma olhada...

OH MY GOD! O cara de jumento chegou!

Confissões de um TaurinoOnde histórias criam vida. Descubra agora