21 de Agosto, 19:45

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OI, EX-BLUE MAN.

CONFESSO QUE GOSTEI DO TEU CABELO AZUL, MAS O PRETO DE VOLTA ME FAZ REVIVER MUITA COISA BOA. SE CUIDA.

Diário,

Esse fim de semana foi de muita confusão, estou aqui pensando e pensando. Não sei o que fazer. Não sei a que conclusão eu chego depois de tudo o que aconteceu. E para que você entenda melhor esse "meu drama", irei começar a explicar a partir da suposta festa da prima da Jéssica.

O Jack veio me pegar pontualmente às 19 horas, coisa que jamais eu faria. Por isso, ele ainda teve que me esperar, pois ainda estava me arrumando. Característica minha: nunca consigo ser pontual. Será também um dos pontos negativos de todo taurino?

Enquanto eu me arrumava, o pobre teve que ficar conversando com a minha mãe. Nem imagino a entrevista enorme que ela deve ter feito. Ainda bem que o cara de jumento não estava em casa. Quando cheguei à sala, eles estavam rindo. Provavelmente ele estava conquistando o respeito dela.

Antes de chegarmos ao apartamento da prima de Jéssica, passamos numa loja de conveniência para comprarmos bebida e cigarro. O engraçado é que mesmo o Jack com os seus dezenove anos de idade e dirigindo um veículo, as pessoas ainda insistem em pedir a identidade dele. Confesso que foi engraçado, mas percebi que ele não achou nem um pouco de graça nisso.

Quando chegamos à "festa", percebemos que a noite ia ser longa. A lista de convidados estava bem "eclética". Não sei em que lugar Jéssica guarda o juízo para numa só noite juntar Aninha, Victor e Manu, depois de todos os relacionamentos mal sucedidos em nossa turma.

Lá estava ela, linda como sempre. Quando me viu, fingiu uma conversa com Aninha, mas sempre que se descontrolava, seu olhar vinha de encontro ao meu e isso me deixava mais carente do que nunca. Manu vestia um short jeans e uma camiseta preta e claro o seu famoso All Star. Era de fato minha Avril Lavigne, meu amor, talvez platônico, mas era meu amor. Disso eu tinha certeza.

O Jack colocou The Calling para tocar e começamos a beber. O Victor veio logo sentar entre nós, e, eu já imaginava a intenção dele.

Aninha e Jéssica estavam namorando e era algo bem pegajoso, ficavam mordendo uma a outra e isso parecia meio que ridículo. Enquanto isso Manu estava sentada, meio tímida e ao mesmo tempo um pouco perdida. Foi então que o Victor teve mais uma de suas brilhantes ideias, mais uma brincadeira que com certeza iria ter graves consequências.

- Gente, isso daqui está muito morgado. Vamos brincar de gato mia? – falou ele mais alto que a música.

- Gato mia?! – Jéssica e Jack gritaram juntos.

- É o seguinte... – Victor começou a explicar. – Faremos o sorteio de quem vai ser o caçador do gato-mia. A pessoa sorteada de olhos fechados contará até vinte enquanto apagamos todas as luzes e vamos nos esconder. Quando o caçador terminar de contar ele irá atrás de encontrar alguém e ao tocar a pessoa, ela terá que miar para que ele tente acertar quem é.

Dizendo isso, apesar de nem todos terem entendido a brincadeira, o sorteado para ser o caçador foi o Victor.

As luzes foram apagadas e corremos para nos esconder, e, por azar meu joelho encontrou a mesinha de centro. Foi uma dor horrível e ainda está inchado.

Essa brincadeira para mim se tornou a mais tensa de todas. Você ficar no escuro, esperando alguém te encontrar não é nada fácil. Meu coração estava para sair pela boca. E fui tateando a parede até encontrar um lugar seguro.

De repente senti alguém se aproximando de mim. Ouvi sua respiração entrecortada chegando mais próxima, sua mão tateava a parede alcançando meu ombro, e, antes mesmo que eu pudesse miar, seus lábios alcançaram os meus e acabei retribuindo o beijo. Não sei o que passava pela minha cabeça, mas deixei o Victor me beijar. Fiquei estático quando ele sussurrou em meu ouvido:

"Eu sei que é você, conheço esse cheiro de Amó esquenta a quilômetros de distância."

Antes mesmo que ele pudesse investir mais uma vez, desvencilhei-me dele e sai correndo sem me importar se iria cair ou quebrar alguma coisa pela casa. Consegui chegar em outro canto e quando parei ouvi-o gritar:

- Jack! Peguei o Jack!

As lâmpadas foram ligadas e vi que o Victor estava agarrado ao braço de Jack.

- Agora o Jack será o caçador! – gritou Jéssica saindo às pressas da cozinha sem perceber que estava com o short semiaberto.

Tentei observar melhor, mas as luzes foram logo apagas e a escuridão tomou conta de todo o espaço. Dessa vez eu sabia muito bem para onde me direcionar. Passei lentamente pelo Jack e segui em direção ao banheiro, pois eu sabia que Manu se escondia lá.

Aproximei-me da porta e percebi que ela estava no canto, antes da porta do banheiro. Aquele cheiro de rosas não me era estranho. Eu lembrava muito bem o quão doce e suave era aquele cheiro. Por isso seus cabelos eram tão macios e cheirosos. Fui me aproximando e sem querer nossas mãos se tocaram. Um choque de emoção correu por todo o meu corpo e antes mesmo que eu pudesse afastar a mão, seus dedos agarraram os meus.

Sabe aquela sensação de "Vou morrer agora!"? Pois é, foi o que senti naquele momento. Mas o pior, quer dizer o melhor, ainda estava por vir.

Aproximamo-nos e tive a coragem de colocar minha mão na cintura dela e subir até o pescoço. Puxei-a até mim e...nos beijamos. Foi tão doce e ao mesmo tempo tão amargo aquele beijo. Porém, fora o suficiente para que eu pudesse sentir o volume de meu calção aumentando gradativamente.

Segundos depois alguém pegou no braço dela e fomos obrigados a nos separar.

- Gato, mia! – ordenou Jack.

Manu miou de uma forma esquisita. Uma, duas, três vezes. E Jack não conseguira reconhecer a voz dela. Num momento de descuido, Manu conseguiu sair de perto dele e se esconder em outro lugar. Rapidamente entrei no banheiro, mas infelizmente fiz barulho e fui seguido pelo Jack.

Tentei fazer o mínimo de barulho com a respiração. Mas cada vez mais que aquele cheiro de Amó esquenta se aproximava mais eu me retraía, pois sabia que no momento que ele sentisse meu perfume, que por sinal era o mesmo que ele estava usando, eu seria descoberto sem precisar miar. Foi aí que todos da casa começaram a miar em coro. Acho que fizeram isso para me ajudar e atrapalhar o Jack, porém aconteceu o inesperado. Fui puxado bruscamente por ele. Fiquei atônito.

- Cadê sua boca? – sussurrou-me ele.

Senti aquele cheiro de menta saindo de sua respiração ao mesmo tempo em que o indicador dele procurava minha boca; ao encontrá-la foi como se estivesse marcando território para que sua língua viesse logo em seguida.

Confesso diário que nos beijamos, mais uma vez, Jack e eu. E dessa vez foi diferente, não somente pelo barulho ensurdecedor de gatos humanos miando pela casa, mas pela demora e intensidade do beijo.

Depois desse acontecido, a brincadeira ainda continuou, assim como os nossos beijos, sempre que nos escondíamos juntos em algum lugar.

A falsa festa terminou antes da meia-noite e tivemos de ir embora.

Durante todo o percurso até a minha casa, Jack e eu não falamos nada a respeito do ocorrido. Na verdade não falamos foi nada. Somente o Victor estava com um sorriso de ponta a ponta.

Enfim, diário, espero que essa brincadeira não transforme a nossa amizade, pois já estava meio que comprometida, imagine agora.

Resumindo a festa:

· Victor me beijou pensando estar beijando o Jack;

· Beijei a Manu e foi como se a flor que havia murchado tivesse brotado novamente;

· O Jack me beijou e foi como...foi como...(melhor não pensar sobre isso)

Até mais diário!

Com carinho,

Pat


Confissões de um TaurinoOnde histórias criam vida. Descubra agora