25 de Agosto, Meio-dia

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Já se sentiu a pior pessoa do mundo? Já teve a sensação de que nunca deveria ter nascido?
Pois é assim que me sinto hoje, diário. Assim que talvez irei me sentir pelo resto dos meus dias.
Como de costume me acordei cedo e percebi que a casa estava silenciosa o bastante para um dia comum da semana. Fui no quarto de minha mãe e ela não se encontrava. Ao chegar na cozinha me deparei com um bilhete sobre a mesa.

"Tive que levar sua mãe ao hospital. Ela não está bem. Prepare algo pra comer e vá para a escola. Ass: Frank"

Ao ver aquilo fiquei desesperado. Troquei de roupa o mais rápido possível e sai em direção ao hospital. No caminho encontrei o Victor e pedi que ele justificasse minha falta.
Quando cheguei no hospital fui surpreendido por uma cena que me deixou diminuto.
Mamãe estava deitada em um leito, pálida e chorosa. Ao lado segurando a mão dela estava ele, Frank, quem nunca deveria ter aparecido em nossas vidas. Mas estava lá cuidando dela, melhor que eu. E aquilo só me tornou mais inútil, um estorvo na vida dos dois. Ou talvez eu sempre fora egoísta a ponto de esquecer meu maior tesouro: minha mãe.
No mesmo instante senti uma raiva profunda de meu pai. Ele que era para estar ali do lado dela. Talvez se ele ainda estivesse em nossas vidas, ela não estaria neste hospital.
Aproximei-me da cama, um pouco receoso. Ao mesmo tempo Frank levantou-se dando a desculpa que iria tomar um café.
- O que houve mãe?
- Pat, eu perdi o bebê. - disse-me ela com lágrimas descendo pelo rosto e ardendo em meu peito.
Fiquei sem palavras e a única coisa que pude fazer foi abraçá-la. Tomei-a em meus braços e me senti fraco. Senti-me com nove anos de idade. Senti que sentia falta daquele abraço.
- E sabe porque dói tanto? - perguntou-me ela sem deixar que eu respondesse. - Dói porque eu sei que em breve você vai me deixar. Talvez o Frank também me deixe um dia. E esse bebê que eu esperava era uma esperança que eu sentia que não ficaria sozinha. Seria minha segunda chance. Eu sonhava em dar uma família de verdade para ele. Não cometeria os mesmos erros que cometi com você.
Nesse momento, Frank entrou na sala e eu aproveitei para sair. Pois o que eu havia escutado era suficiente para minha punição. Beijei-a e saí.
Um peso tomou conta do meu peito e voltei para casa.
No momento estou deitado ouvindo My immortal.
E se vou me recuperar? Só o tempo irá dizer.
Até breve, diário.

Confissões de um TaurinoOnde histórias criam vida. Descubra agora